Redação Planeta Amazônia
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou em 2022, a Lista Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção. Ao todo, foram avaliadas 5.353 espécies da flora e 8.537 espécies da fauna. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é responsável pela avaliação do risco de extinção da fauna, enquanto o Jardim Botânico do Rio de Janeiro é o responsável pela avaliação da flora.
Das espécies de fauna, 1.249 foram consideradas ameaçadas: 465 estão na categoria Vulnerável (VU); 425 na categoria Em Perigo (EN), 358 estão Criticamente em Perigo (CR) e uma está extinta na natureza. Elas são 257 espécies de aves, 59 espécies de anfíbios, 71 espécies de répteis, 102 espécies de mamíferos, 97 de peixes marinhos, 291 de peixes continentais, 97 de invertebrados aquáticos e 275 invertebrados terrestres.
Tendo em vista que o Brasil é um país megadiverso, possuindo aproximadamente 20% das espécies existentes no mundo, a Lista Oficial brasileira é um dos maiores esforços em avaliação da biodiversidade empreendidos em nível global.
A partir deste ano, a Lista Nacional Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção será atualizada anualmente. Essa mudança de estratégia permitirá que a Lista reflita resultados mais atuais, com menor diferença de tempo entre a avaliação do risco de extinção de uma espécie e sua aplicação nas Políticas Públicas de conservação da biodiversidade. Ou seja, a lista publicada agora se refere às atualizações dos ciclos finalizados entre 2015 e maio de 2021; e a do ano que vem contará com a atualização das espécies avaliadas entre junho de 2021 e dezembro de 2022.
Melhora no status de conservação
Apesar da entrada de 219 novas espécies e subespécies da fauna na lista, o que também tem a ver com o aumento do esforço de avaliação, há motivos para comemoração: 220 espécies tiveram melhora em seu estado de conservação, indo para categorias de menor risco do que estavam em 2014, incluindo 144 que saíram desta Lista.
Um dos bons exemplos é o das tartarugas-marinhas. Quatro das cinco espécies existentes no Brasil melhoraram seu estado de conservação. A tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), que estava na categoria “Criticamente Em Perigo”, a mais ameaçada antes da extinção, agora está na categoria “Em Perigo”; enquanto as espécies de tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e cabeçuda (Caretta caretta) passaram para o status ‘Vulnerável’, saindo de “Em Perigo”. Já a tartaruga-verde (Chelonia mydas) saiu da Lista de espécies ameaçadas, sendo considerada uma espécie quase ameaçada, o que significa que ainda depende de ações de conservação. A única que ainda não saiu deste rol foi a tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea), que ainda permanece como Criticamente Em Perigo.
Porém, estes resultados não são alcançados de um dia para o outro. Eles são frutos de mais de quarenta anos de esforços integrados na conservação dessas espécies, que unem o Poder Público em suas diferentes esferas, a sociedade civil e diversas instituições parceiras. Todas estas ações são ordenadas por meio do Plano de Ação Nacional (PAN) Tartarugas Marinhas, um documento que orienta as ações de conservação das tartarugas marinhas e é atualmente coordenado pelo Centro Tamar. De acordo com o coordenador do Centro Tamar, João Carlos Thomé, este é um trabalho que não para, visto que o objetivo é que todas as espécies de tartarugas marinhas continuem galgando patamares melhores de conservação.
Seguindo o exemplo de sucesso na conservação das tartarugas marinhas, o ICMBio tem empreendido um grande esforço de planejamento e implementação de ações para a conservação das espécies ameaçadas de extinção. 94 das espécies que constam da nova Lista (cerca de 75%) já são contempladas em PAN. A maioria dos PAN são relativamente recentes, com até 10 anos da publicação de sua primeira versão. Assim, espera-se que, ao longo dos próximos anos, tenham mais casos de sucesso, como o da tartaruga-verde, com a retirada de mais espécies da Lista graças aos esforços de conservação de longo prazo.