Mais de 41 mil crimes ambientais expõem falhas nos dados socioambientais e reforçam necessidade de normas técnicas

Redação Planeta Amazônia

O registro de mais de 41 mil crimes ambientais em apenas dois anos, conforme levantamento da Rede de Observatórios de Segurança, evidencia fragilidades estruturais na forma como o Brasil mede, acompanha e reporta seus impactos socioambientais. Para a Associação Brasileira de Infraestrutura da Qualidade (ABRIQ), o cenário reforça a urgência de ampliar o uso de normas técnicas e sistemas de gestão que garantam maior precisão nos relatórios ESG e melhorem o desempenho das organizações nesses temas.

O relatório aponta que nove estados – Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo – registraram 41.203 crimes ambientais entre 2023 e 2024. Os pesquisadores alertam, porém, que os números podem ser ainda maiores, já que não incluem violações contra povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, nem impactos de ações legais como abertura de estradas, hidrelétricas, desmatamento autorizado ou mineração regularizada. A falta de métodos uniformes entre os estados também dificulta a comparação dos dados, reduz a notificação e compromete o desenvolvimento de políticas públicas eficazes.

Para Alexandre Xavier, vice-presidente de ESG da ABRIQ, o país só avançará quando adotar processos padronizados. Ele destaca que normas técnicas e sistemas de gestão, como ISO 14001 (gestão ambiental), ISO 9001 (qualidade), ISO 45001 (saúde e segurança) e NBR 16001 (responsabilidade social), oferecem o rigor necessário para medir impactos, registrar ocorrências, verificar conformidade e reportar resultados de forma transparente e auditável.

Além de ampliar a precisão dos relatórios ESG, essas normas aumentam a eficiência operacional, reduzem riscos, identificam não conformidades e fortalecem a credibilidade das empresas perante mercados e investidores. Segundo a ABRIQ, a adoção de práticas estruturadas é o caminho mais seguro para que o setor privado produza informações confiáveis em um cenário nacional marcado por dados insuficientes e metodologias despadronizadas.

O relatório da Rede de Observatórios reforça a necessidade de padronização no registro de informações, incluindo dados sobre vítimas pertencentes a povos tradicionais e mecanismos eficazes para identificar impactos socioambientais, tanto de ações legais quanto ilegais. Para a ABRIQ, a harmonização dos dados públicos e privados depende da consolidação de práticas baseadas em normas e referências técnicas reconhecidas internacionalmente.

Alexandre Xavier afirma que sistemas capazes de garantir rastreabilidade, precisão e comparabilidade são essenciais para fortalecer a sustentabilidade e a governança. Ele defende que as normas devem ser vistas como base da transparência e fundamentais para que organizações apresentem dados consistentes, validados de forma independente e alinhados às expectativas da sociedade e do mercado.

By emprezaz

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