Marca feminina da Amazônia resgata saberes tradicionais com cacau cerimonial

Redação Planeta Amazônia

Por trás de uma xícara de cacau cerimonial, há muito mais do que sabor — há resistência, cura e ancestralidade. É essa a proposta da Cacauaré, uma marca amazônica fundada em Mocajuba (PA), que vem ganhando destaque nacional por aliar sustentabilidade, bioeconomia e empoderamento feminino à produção de cacau 100% puro, voltado para rituais terapêuticos.

foto: Divulgação

Liderada por Noanny Guimarães Maia — advogada e administradora com raízes ribeirinhas —, a Cacauaré optou por um caminho pouco explorado no mercado: o cacau medicinal, preparado a partir de amêndoas selecionadas e processadas artesanalmente na própria propriedade da família. A iniciativa resgata práticas ancestrais de povos originários das Américas, que consideravam o cacau um alimento sagrado e associado à fertilidade e à energia feminina.

“Ajudamos na cura da alma sem abrir mão de valorizar a floresta em pé e fortalecer a autonomia das mulheres”, afirma Noanny, cuja equipe é composta exclusivamente por mulheres da região.

A fundadadora do negócio, Noanny Maia/foto: Divulgação

Mais que chocolate: uma rede de impacto

Além do cacau cerimonial, a marca desenvolve uma ampla linha de subprodutos como geleias, licores, granola, chás e velas. Toda a produção é vendida online e distribuída em diversos estados do país, movimentando a economia local e beneficiando diretamente mais de 30 famílias ribeirinhas, indígenas e quilombolas do Baixo Rio Tocantins — uma das poucas regiões com cacau nativo de várzea.

A empresa também aposta no turismo de experiência para aproximar visitantes das tradições e do cultivo agroextrativista amazônico.

foto: Divulgação

Reconhecimento e novos rumos

Com passagem por programas de aceleração da Fundação CERTI e do Impact Hub Manaus, a Cacauaré integra atualmente o Lab de Impacto, uma vitrine de negócios socioambientais na Amazônia. O reconhecimento mais recente veio com o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2024, conquistado por Noanny na categoria Pequenos Negócios.

Para o futuro, a meta é investir na infraestrutura das comunidades e garantir a autossuficiência das famílias envolvidas. “O apoio de outras mulheres e de quem compreende o valor da sociobiodiversidade será fundamental”, conclui a fundadora.

By emprezaz

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