Redação Planeta Amazônia
Para ver de perto as ações implementadas pelo Ibama de combate ao garimpo, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças do clima, Marina Silva, esteve na Terra Yanomami nesse sábado, 4. Na ocasião, ela foi à base de fiscalização na comunidade Palimiú, onde garimpeiros armados atiraram contra agentes, e sobrevoou regiões invadidas por exploradores de minérios. Ela se surpreendeu com o que viu no território: “A degradação é imensurável”, afirmou.
O Ibama abriu as ações de repressão ao garimpo na Terra Yanomami no dia 6 de fevereiro. O trabalho é feito em força-tarefa e já destruiu três aeronaves, equipamentos utilizados na logísticas dos garimpeiros, acampamentos montados na floresta e apreendeu minérios como ouro e cassiterita.
“É uma visita para ver o que está dando certo, para ver o que precisa ser melhorado e o que precisa ser agregado”, disse Marina em coletiva à imprensa com participação do presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, o superintendente do Ibama em Roraima, Diego Milleo Bueno, e o líder Yanomami, Davi Kopenawa.
De acordo com Marina, uma segunda base de fiscalização foi montada no rio Mucajai, na região de Walo Pali. O local é o mesmo onde ocorre o controle das embarcações de garimpeiros que saem do território. “Nós estamos fazendo uma outra barreira porque queremos estrangular a entrada dos suprimentos do garimpo criminoso dentro da Terra Indígena Yanomami e fazer esse estrangulamento é não deixar entrar combustível, alimentação, garimpeiros e não deixar também, sair o produto criminoso do garimpo”, disse a ministra.
O superintendente do Ibama em Roraima, Diego Bueno, afirmou que ações de repressão contra os invasores vão continuar e fez um alerta aos que persistem em permanecer ilegalmente no território: “Aqueles garimpeiros que insistem permanecer na Terra Yanomami, o recado é: vão para as suas casas, procurem outras atividades, porque o garimpo na Terra Yanomami vai ser contido”, frisou Bueno.
A quantidade de área destruída por garimpeiros ilegais no território Yanomami também já havia surpreendido a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em um sobrevoo: “é muito garimpo, é garimpo infinito”, disse ela em fevereiro.
Coletiva de imprensa Ministério do Meio Ambiente em Boa Vista trata sobre ação contra garimpeiros na Terra Yanomami. Foto: Yara Ramalho/g1 RR
Davi Kopenawa, xamã e principal liderança indígena do povo, sentou ao lado de Marina na coletiva. Ele disse que, diante das ações do Ibama contra os garimpeiros, começou a ficar mais tranquilo, porém, entende que ainda é necessário continuar o combate: “ainda é muito cedo, eu vou agradecer mais tarde”. “Fico começando a acalmar. O meu povo e eu estamos de luto desde 2020, 2021 e 2022, três anos. Eu agradeço ao Ibama que cuida do Meio Ambiente, dos rios e das florestas. Fui criado na floresta”, destacou.
Maior território indígena do país, a Terra Yanomami enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa – problemas agravados pelo avanço de garimpos ilegais nos últimos quatro anos.
Desde o dia 20 de janeiro, a região está em emergência de saúde pública devido ao cenário de desassistência. Desde então, o governo Federal atua para frear a crise com envio de profissionais de saúde, cestas básicas e desintrusão de garimpeiros do território.