Redação Planeta Amazônia
Nas últimas décadas, o progresso da humanidade fez com que queimássemos uma quantidade sem precedentes de combustíveis fósseis, resultando na liberação recorde de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O gás é o principal responsável pelas mudanças climáticas, um consenso entre cientistas.
Até o momento, estudos indicavam que as florestas do globo também aceleraram a absorção de CO2, um fenômeno que ajudou a retardar os efeitos do aquecimento global. Agora, porém, pesquisadores advertem que a ajudinha da natureza pode estar chegando ao fim.
Imagens de satélite e medições do solo revelaram que esse bônus de CO2 pode estar diminuindo, principalmente em locais com solos secos e nitrogênio limitado.
Segundo estudo publicado na última semana na revista Nature, os pontos de preocupação incluem o leste da África, a região do Mediterrâneo, as costas da América do Norte e Central, a Índia e o Sudeste da Ásia.
Trata-se de uma descoberta preocupante. Isso porque cerca de 30% das emissões de carbono acabam absorvidas pelas plantas, árvores e solo, e outros 25% pelo oceano. São os chamados de sumidouros de carbono da terra.
Em alguns pontos, cientistas observaram estabilização da capacidade de absorção, mas na Amazônia há indicativos de que o processo esteja em queda. Os pesquisadores mediram dois elementos desse mecanismo – as mudanças ano a ano na absorção de carbono e a probabilidade de uma floresta retornar à sua condição anterior.
Quando há muitos eventos extremos no clima – um dos efeitos das mudanças climáticas, aumentam as chances de que uma mudança permanente na absorção de COs esteja em marcha.
Como resultado, a floresta absorve menos do nosso carbono atmosférico. “Cada oscilação de um sistema florestal é amplificada ao longo do tempo, porque ‘lembra’ melhor o que aconteceu antes”, disse Marcos Fernández-Martínez, pesquisador da Universidade Autônoma de Barcelona e principal autor do estudo da Nature.
Nessa pesquisa, os estudiosos do clima aplicaram aos sumidouros de carbono uma metodologia já conhecida e usada anteriormente, para a analisar os chamados pontos de inflexão dos sistemas que mantêm o planeta funcionando da maneira como o conhecemos.
Desde o início da Revolução Industrial, no século XVII, o mundo já se aqueceu em 1,2°C, com consequências dramáticas para o clima global. A redução nas emissões de CO2 é a maneira mais eficaz para conter o chamado aquecimento global, mantendo a escalada dos termômetros a no máximo 1,5°C, nível considerado seguro por cientistas e firmado durante o Acordo de Paris, em 2015.