Redação Planeta Amazônia
Embora as mulheres tenham conquistado progressos significativos nas últimas décadas, a desigualdade de gênero ainda é evidente em muitos campos científicos. Marie Curie, Ada Lovelace e Lise Meitner são nomes que se destacam na ciência mundialmente por grandes descobertas, como os elementos rádio e polônio, o primeiro algoritmo de computador, e a divisão do átomo, respectivamente.
Tanto essas cientistas, quanto milhares de outras mulheres, enfrentaram e ainda enfrentam muitos desafios e barreiras para ingressar e se manter nas áreas científicas, principalmente nas conhecidas pela sigla STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática, em inglês). São segmentos nos quais, historicamente, os homens prevalecem em quantidade e ficaram marcados por estereótipos e discriminação de gênero.
Segundo dados da ONU Mulheres, apenas 35% das pessoas matriculadas em cursos relacionados a STEM são mulheres. Mas aquelas presentes no mercado de trabalho correspondem a 28% dos pesquisadores no mundo, segundo a Unesco. No Brasil, elas são menos de 25% em ciências da computação e matemática, apesar de serem a maioria com doutorado em diversas áreas.
Para Renata Torres, especialista em diversidade e inclusão e cofundadora da consultoria Div.A – Diversidade Agora!, há um potencial gigante que ainda está inexplorado. “A história da ciência é marcada por inovações e descobertas incríveis, muitas impulsionadas pelo brilhantismo das mentes femininas. É preciso reconhecer as várias cientistas que superaram o preconceito, em uma época de extrema repressão às mulheres, fazendo contribuições notáveis, porque estas são e serão inspirações para novas gerações”, comenta a especialista, que evidencia que empresas podem ter um papel de grande incentivo nessas carreiras também.
“As organizações podem apoiar a promoção da diversidade de gênero nas áreas STEM. É essencial que adotem políticas inclusivas, promovam ambientes de trabalho equitativos e proporcionem oportunidades iguais para mulheres no desenvolvimento profissional, com a promoção de modelos femininos na liderança científica”, complementa.
Ela cita como exemplo a parceria da Div.A com a VDI-Brasil – Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha para a realização do programa Industry4Her, desde 2020, voltado para a equidade de gênero e capacitação de mulheres que atuam na indústria, e que já impactou 441 participantes, contribuindo para um universo mais igualitário na indústria e na engenharia, ampliando a inserção de mulheres que lideram a evolução na Indústria 4.0.
Também especialista em diversidade e inclusão e cofundadora da consultoria Div.A – Diversidade Agora!, Kaká Rodrigues ressalta que investir nas mulheres traz ainda mais benefícios para as empresas. “A diversidade de gênero nas ciências traz consigo uma série de vantagens. Estudos demonstraram que equipes mais diversas são mais inovadoras e eficazes na resolução de problemas. A variedade de perspectivas e abordagens enriquece o processo científico, levando a descobertas mais abrangentes e aplicáveis”, comenta a especialista.
Kaká ressalta ainda outras ações que as empresas podem adotar. “Iniciativas como programas de mentoria, bolsas de estudo exclusivas para mulheres com oportunidades de carreira, além de combater o preconceito no ambiente de trabalho e estimular a colaboração entre homens e mulheres na ciência, são passos significativos para um avanço socioeconômico da própria organização”, conclui.