Redação Planeta Amazônia
Em um gesto histórico de valorização da ancestralidade e cultura dos povos originários, o Governo do Amapá reinaugurou, no último sábado (19), o Museu Kuahí dos Povos Indígenas, localizado no município de Oiapoque. O espaço, que estava inativo, foi reformado, modernizado e devolvido às comunidades com protagonismo indígena e foco na preservação de saberes e identidades ameaçados pelo esquecimento.
A cerimônia contou com a presença do governador Clécio Luís, lideranças indígenas, parlamentares e representantes municipais. “O novo Museu Kuahí é um marco de respeito aos nossos ancestrais e ao povo indígena de Oiapoque. Temos agora um espaço requalificado e informatizado, que mostra nossas riquezas culturais ao mundo”, destacou o governador.
O museu abriga peças das etnias Karipuna, Galibi Marworno, Galibi Kali’na e Palikur, e oferece aos visitantes biblioteca, salas de exposições e oficinas, loja de artesanato, maloca, redário e um espaço destinado à produção artística indígena. O acervo, com mais de 500 peças etnográficas, também poderá ser acessado virtualmente por meio da plataforma Tainacan.
Cultura, tecnologia e pertencimento
A reestruturação do museu foi guiada por uma equipe formada por jovens indígenas capacitados em imersão técnica no Museu Emílio Goeldi (PA), com apoio do Instituto Iepé. O cacique Edmilson, presidente do Conselho dos Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque (CCPIO), celebrou a conquista: “Hoje se abrem as portas do conhecimento e da arte de todos nós. O Museu Kuahí é nossa casa e também para o Brasil.”
A secretária de Estado dos Povos Indígenas, Sonia Jeanjacque — da etnia Galibi Kali’na — afirmou que o museu representa uma retomada histórica: “Esse espaço guarda nossa ancestralidade e simboliza a resistência dos povos indígenas do Amapá.”
Símbolos e identidade
O nome Kuahí, que significa pacu — peixe prateado que vive em cardume — traduz o espírito de coletividade entre os povos do Oiapoque, reafirmado durante o ritual do Turé, que marcou a reabertura do museu. A solenidade também contou com discursos emocionados de autoridades locais, como o prefeito Breno Almeida, vereadores e deputados, em apoio à preservação cultural e ao fortalecimento das comunidades indígenas.
