Naturatins conclui primeiro monitoramento da arraia-maçã para conservação da espécie criticamente ameaçada

Redação Planeta Amazônia

O Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) concluiu nesta sexta-feira (11), a primeira etapa de ações de monitoramento da arraia-maçã (Paratrygon aiereba), uma espécie classificada como criticamente ameaçada de extinção. As atividades fazem parte do Projeto Pró-Espécies: Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas, desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com apoio de agências e organizações parceiras.

Populações da espécie encontram-se severamente fragmentadas/foto: Domingos Garrone Neto

A arraia-maçã, uma espécie de água doce da família Potamotrygonidae, enfrenta uma fragmentação severa de suas populações na região do cerrado tocantinense, resultado de ações antrópicas como os barramentos e a pesca predatória.  

Oscar Vitorino, biólogo do Naturatins, explica que os reservatórios fragmentam o habitat natural da espécie, o que dificulta sua sobrevivência. Com o objetivo de entender melhor a dinâmica populacional e a ecologia espacial dessa arraia, o monitoramento foi realizado com telemetria, processo de coleta e transmissão de dados à distância. Este método de monitoramento para o estudo de elasmobrânquios de água doce, permitirá acompanhar os padrões de movimentação e uso do hábitat da espécie, fornecendo informações cruciais para a conservação. “O PAT Cerrado Tocantins tem como objetivo realizar campanhas de levantamento e monitoramento populacional das espécies alvo nas áreas sob influência desses barramentos, entre as quais se insere a arraia-maçã ou aramaçá, Paratrygon aiereba”, considerou o biólogo.

A iniciativa faz parte do Plano de Ação Territorial de Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins (PAT Cerrado Tocantins), que abrange 22 municípios, incluindo áreas urbanas e rurais próximas à capital Palmas. O plano tem como objetivo proteger espécies como a arraia-maçã, em um território que soma mais de 3,7 milhões de hectares.

Arraia-maçã ou aramaçá é categorizada como “Criticamente Ameaçada” (CR) na Portaria MMA nº 148/2022/foto: Domingos Garrone Neto

Sob coordenação do professor Dr. Domingos Garrone Neto, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), e em parceria com a Fishtag Consultoria e Assessoria Ambiental Ltda., o projeto trará dados inéditos e essenciais para a conservação da arraia-maçã. Essas informações contribuirão para a formulação de estratégias de proteção e manejo, que devem auxiliar na mitigação dos impactos causados pelos barramentos, com oferta de subsídios para o planejamento de áreas de conservação no Cerrado Tocantins.

“Os resultados a serem obtidos no estudo serão de grande relevância no contexto do PAT Cerrado Tocantins, uma vez que poderão fornecer dados refinados a respeito do uso do hábitat por uma espécie de raia da família Potamotrygonidae que está classificada como ‘Criticamente Ameaçada’. Isso será possível por conta das ferramentas de estudo escolhidas, obtendo-se dados a partir da perspectiva dos animais. Essa abordagem é bastante incipiente quando tratamos de elasmobrânquios de água doce na América do Sul e também em outras regiões do mundo, já que são poucos os estudos que empregaram algum tipo de telemetria para estudar o comportamento desses animais na natureza, o que ressalta a relevância do trabalho”, detalhou o professor Domingos Garrone.

Pró-espécies

O Projeto Pró-Espécies é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e tem execução técnica e financeira sob responsabilidade do WWF-Brasil e do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). A expectativa é permitir que medidas de conservação sejam implementadas para todas as espécies ameaçadas do país, com foco especial nas 290 que enfrentam maior risco de extinção.

Com esta iniciativa, a expectativa é que a conservação da arraia-maçã e outras espécies ameaçadas ganhe força e reforce o compromisso com a biodiversidade brasileira e a preservação de ecossistemas críticos para a sustentabilidade ambiental.

By emprezaz

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