Negócios de impacto impulsionam a economia na Amazônia Legal

Redação Planeta Amazônia

Sistemas de piscicultura e hidroponia, adubo de compostagem caseira, areia de vidro e etnoturismo são alguns dos empreendimentos  de impacto socioambiental que estão promovendo mudanças significativas na Amazônia Legal. Esses negócios aliam geração de renda, conservação da biodiversidade e valorização dos saberes tradicionais, contribuindo para um futuro mais sustentável.

Porém, empreender na região traz desafios. Um estudo do Impact Hub Manaus, realizado entre 2020 e 2021, apontou que aproximadamente 80% dos negócios fecham antes de alcançar a sustentabilidade. A falta de acesso a recursos financeiros é um dos principais entraves para a consolidação dessas iniciativas.

“Negócios disruptivos nascem de um desejo de mudança, geralmente atrelado à realidade do empreendedor. No entanto, na fase de Piloto [fase de teste de mercado] ou MVP [“Minimum Viable Product”, em fase de lançamento de mercado], ainda não são sustentáveis. Por isso, aceleração é essencial para transformar ideias embrionárias em empreendimentos viáveis”, destaca Marcus Bessa, cofundador do Impact Hub Manaus.

Inovações na piscicultura

Um dos exemplos de impacto positivo é a startup BactoLac, fundada por Antônio Souza, doutor em Ciência Animal e pesquisador do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA). Com sede em Macapá (AP), a empresa busca revolucionar a piscicultura por meio de tecnologia inovadora.

“Somos uma empresa voltada para melhorar o processo produtivo de peixes no Brasil. Utilizamos tecnologia de ponta para agregar valor, reduzir gastos e melhorar o processo produtivo. Dessa forma, o piscicultor pode pensar em alavancar a produtividade, sem abrir mão da pegada sustentável”, explica Souza, CEO da startup.

foto: Divulgação

Para isso, o negócio presta consultoria especializada sobre implementação, licenciamento ambiental e formas de otimizar a produção. Além disso, oferece duas soluções inovadoras: o BacFish, um probiótico concentrado para melhorar a saúde dos peixes, e o BactoLac, um software profissional para gestão da atividade que, atualmente, já atende mais de 100 produtores.

Outro exemplo é a Lab Aqua-I, uma startup de Manaus (AM) voltada à criação de peixes e ao cultivo de plantas em água (hidroponia). Fundada pelos empreendedores Elizabeth Cruz e Marcel Cruz, a inovação se concentra na reutilização dos recursos hídricos dos tanques de piscicultura para a produção dos vegetais, o que otimiza os processos e reduz o desperdício de água.

Transformando resíduos em oportunidade

Já em Paragominas (PA), quem empreende em adubo orgânicos, a partir de compostagem caseira, é a amazônida Márcia Lima. O interesse no tema vem desde 2017, mas foi durante a pandemia de COVID-19 que ela se dedicou mais e viu ali uma oportunidade de negócio: a Adubo Sustentável.

  “O objetivo é fornecer soluções agrícolas que sejam amigas do meio ambiente e contribuam para a produção de alimentos saudáveis, além de proporcionar a prática da educação ambiental em escolas e casas”, explica a empreendedora.

Combinando inovação e simplicidade, a Adubo Sustentável presta serviço ambiental de recolhimento de resíduos orgânicos, em áreas urbanas do município, para produção e comercialização de adubo.

Janaína Silvestre/foto: Divulgação

Em Macapá (AP), Janaína Silvestre lidera a Vitrum, a primeira empresa de gestão de embalagens de vidro. Com a coleta de resíduos junto a bares e restaurantes, a empresa evita o descarte inadequado de cerca de 20 toneladas anuais de vidro.

Em 2024, o negócio também se tornou o primeiro e único da Região Norte a transformar resíduos vítreos em areia artificial, com foco em atender a construção civil. Posteriormente, o produto se converte em revestimento de pisos e paredes, fachadas, componentes para mistura de tijolos e refratários, e outros materiais. Tudo isso fomenta a economia circular na cidade.

“Estamos transformando a maneira como o vidro é percebido, valorizando seus benefícios e prolongando sua utilidade. Nosso propósito não é apenas reciclar, mas inspirar mudanças positivas em nossas comunidades, promovendo o uso responsável e sustentável dos recursos naturais”, afirma a CEO Janaina Silvestre.

foto: Divulgação

Turismo de base comunitária

Inaugurado em 2016, o Museu Paiter A Soe é um empreendimento do povo Paiter Suruí. Localizado na aldeia Gagpir, a 60 quilômetros de Cacoal (RO), o espaço é dirigido por Alexandre Suruí e Luiz Henrique Suruí e abriga diversos elementos do modo de vida.

A iniciativa contribui na promoção do turismo de base comunitária, com impacto em Direitos Humanos, sustentabilidade e fortalecimento da cultura de povos originários.

foto: Divulgação

Lab de Impacto

Todos esses negócios foram contemplados pela primeira edição do Lab de Impacto, um programa do Impact Hub Manaus de aceleração para negócios de impacto social e ambiental nos nove estados da Amazônia Legal.

O projeto oferece formação especializada, mentorias, conexões estratégicas com o mercado e capital semente que varia entre R$ 30 mil e R$ 100 mil. Para se inscrever, acesse: https://pt.surveymonkey.com/r/2BTFSCL. O edital está disponível em: https://drive.google.com/file/d/1nxMBw5434AdQgpM_gVmkyWYmwX5mCKuz/view.

By emprezaz

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