Novo flutuante melhora condições de manejo sustentável do pirarucu em comunidade do Amazonas

Redação Planeta Amazônia


O novo flutuante de pré-beneficiamento instalado na comunidade Santa Luzia do Jussara, no município de Fonte Boa, a mais de 700 quilômetros de Manaus, representa um avanço na infraestrutura voltada ao manejo sustentável do pirarucu. A estrutura oferece proteção contra sol e chuva e dispõe de condições sanitárias adequadas, com uso de água limpa, pisos laváveis e superfícies de aço inox, garantindo higiene em todas as etapas do pré-beneficiamento do pescado.

O espaço substitui a antiga estrutura, que não possuía cobertura, apresentava pisos irregulares e exigia que o tratamento do peixe fosse feito diretamente no chão. Com o novo flutuante, o processo passa a ocorrer desde a retirada das vísceras até a preparação inicial do pescado em ambiente apropriado e seguro.

A entrega integra o projeto Sistema de Rastreabilidade: Inovação e Inteligência de Mercado na Cadeia Produtiva do Pirarucu da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, executado pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), com apoio da Positivo Tecnologia, por meio do Programa Prioritário de Bioeconomia, política pública da Suframa coordenada pelo Idesam.

foto: Rodolfo Pongelupe_FAS

Além de melhorar as condições sanitárias, a estrutura foi planejada para oferecer mais ergonomia aos manejadores. As bancadas, em altura adequada, permitem que o trabalho seja realizado em pé, reduzindo o desgaste físico e os riscos de problemas na coluna, comuns na rotina anterior.

Para os ribeirinhos, a mudança trouxe impactos diretos na qualidade de vida no trabalho. O manejador Pedro de Souza relatou que, antes, o tratamento do peixe era feito no assoalho, exigindo esforço excessivo. Segundo ele, a nova estrutura oferece os instrumentos necessários e elimina a necessidade de permanecer agachado durante o trabalho.

A tecnologia empregada na construção do flutuante contou com a contribuição do Instituto Mamirauá, referência em pesquisas socioambientais na Amazônia. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Inovação do Instituto, Tabatha Benitz, o modelo adotado é resultado de uma tecnologia social, baseada em conhecimento aberto e compartilhado, que deve ser utilizado de forma adequada e em benefício das comunidades.

O flutuante também incorpora soluções sustentáveis, como painéis solares, que garantem energia limpa para iluminação e equipamentos. O espaço amplo, ventilado e iluminado transforma a rotina das comunidades, promovendo segurança, dignidade no trabalho e fortalecendo o manejo sustentável do pirarucu na RDS Mamirauá.

A iniciativa beneficia diretamente 56 manejadores e 45 famílias das comunidades Santa Luzia, Mangueira e Catiti. Segundo a presidente da comunidade Jussara, Antônia Nete dos Santos, a base de pré-beneficiamento é fundamental para quem atua no manejo do pirarucu e contribui para a geração de renda local, com produção anual estimada entre 25 e 27 toneladas apenas na comunidade.

foto: Rodolfo Pongelupe_FAS

O avanço na infraestrutura também amplia a inserção do pirarucu de manejo sustentável no mercado. Por meio da iniciativa Gigantio, da FAS, associações e cooperativas comunitárias passam a se conectar diretamente a chefs e restaurantes, agregando valor ao pescado e fortalecendo a cadeia produtiva regional.

De acordo com Wildney Mourão, gerente do Programa de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da FAS, a iniciativa representa inteligência de mercado ao agregar qualidade e valorização ao pirarucu, aproximando o produto do setor gastronômico e hoteleiro.

Para representantes da Positivo Tecnologia, o projeto demonstra como o setor privado pode atuar como parceiro estratégico no desenvolvimento econômico sustentável, ao investir em iniciativas que unem inovação, conservação ambiental e geração de renda para as comunidades amazônicas.

By emprezaz

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Postagens relacionadas