Redação Planeta Amazônia
O município de Apuí, no sul do Amazonas, vivencia uma nova etapa no setor agrícola com a abertura do Viveiro de Mudas da Iniciativa Café Apuí Agroflorestal, uma estrutura moderna que promete alavancar a qualidade da produção de café e fortalecer os sistemas agroflorestais na região. O viveiro traz benefícios diretos para os cafeicultores familiares ao garantir mudas de alta qualidade, com maior resistência e adaptabilidade, além de ampliar as perspectivas de mercado para o café de alto padrão produzido na Amazônia.
Com capacidade de produção de 330 mil mudas por ano, incluindo café clonal e espécies nativas, o viveiro atende às demandas da iniciativa, reduzindo custos e perdas associados à logística. “Antes, as mudas vinham de outros estados e sofriam muito no transporte. Agora, elas vão poder sair do viveiro direto para as propriedades, sendo plantadas no mesmo dia, sem perdas ou comprometimento da qualidade inicial”, explica o cafeicultor Viriato Rolf, que há anos enfrenta os desafios da cafeicultura na região produzindo um café premiado.
Vinda direto de Rondônia para compartilhar sua expertise com os produtores apuienses, a engenheira agrônoma Poliana Perrut, especialista em cafés canephora, destacou a importância da nova estrutura para o sucesso da cafeicultura local. “Para uma boa lavoura de café, é essencial começar com mudas de excelente qualidade, adaptadas às características climáticas e produtivas da região. O viveiro permite selecionar materiais genéticos mais resistentes a pragas, estresse hídrico e sombreamento, selecionando os materiais com alto potencial de qualidade de bebida”, explica Perrut.
Além das mudas de café, o viveiro investe na produção de espécies nativas, como açaí, andiroba e jatobá, fundamentais para sistemas agroflorestais que combinam rentabilidade com conservação ambiental. A iniciativa ainda estuda a viabilidade da utilização de novas tecnologias na sua operação, como recipientes biodegradáveis que garantem mais sustentabilidade no cultivo.
Um marco para o futuro
A iniciativa, liderada pela Amazônia Agroflorestal em parceria com o Idesam, também contempla um galpão de beneficiamento e armazenamento de insumos, além de espaços de apoio aos trabalhadores, como escritórios e dormitórios. Para o diretor técnico do Idesam, André Vianna, o viveiro é um verdadeiro divisor de águas.
“Essa estrutura representa um marco para a produção de café em Apuí. Além de melhorar a qualidade e a quantidade de produção, também é um passo importante para a adequação ambiental e o fortalecimento de outros sistemas produtivos na região”, destacou o diretor na inauguração da estrutura, em novembro deste ano. A iniciativa é resultado do esforço coletivo de vários parceiros, incluindo o Grupo Carrefour Brasil, a ERM e a Lush, que apoiaram a construção do viveiro.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Domingos Bonfim, ressaltou a importância do projeto para o município. “É um modelo inovador de negócios e um exemplo de como parcerias entre empresas privadas e o poder público podem trazer avanços significativos para o desenvolvimento sustentável”, salientou Bonfim.
A estruturação do viveiro reflete diretamente na rotina dos produtores, que agora têm acesso a mudas mais vigorosas e suporte técnico especializado. Para Jonatas Machado, diretor comercial da Amazônia Agroflorestal, a iniciativa representa a realização de um sonho coletivo. “Essa estrutura nos permite atender mais famílias em menos tempo e reduzir a mortalidade das mudas. É o cartão de visitas do projeto, um símbolo do nosso compromisso com a cafeicultura e os sistemas agroflorestais”, comemorou Machado.