Entre 2018 e 2021, o registro de caçadores, atiradores e colecionadores subiu de 2.648 para 14.958, um aumento de mais de quatro vezes (464,9%). Os números se referem à soma dos registros no Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia e são da 12ª Região Militar, que computa os dados, porém não detalha por estados.
Para efeito de comparação, a alta percentual na região (464,9%) é muito maior que a taxa de crescimento observada em todo o Brasil no mesmo período, 126,7%. As informações constam no relatório Amazônia no Alvo, publicado em julho deste ano pelo Instituto Igarapé.
Segundo o texto de apresentação da pesquisa, “tal facilitação [no acesso às armas] não foi acompanhada pelo fortalecimento dos controles estatais para evitar os desvios desses arsenais para a ilegalidade”.
O instituto sugere que os órgãos de segurança pública da Amazônia Legal avancem na capacidade de rastreamento sistemático das armas apreendidas usadas em crimes, o que poderia permitir identificar a origem, e se há relação com a facilitação da circulação de armas.
CaçaOutro ponto destacado pelo relatório é a existência de autorizações para caçadores na Amazônia, ainda que haja apenas autorização para abate de uma espécie de animal no país, o javali, cuja incidência na região é verificada em apenas 125 dos 772 municípios que compõem a Amazônia Legal, segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Para a gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Natália Pollaci, por trás dos pedidos para registros de caçador, pode haver a intenção de ter acesso à arma de maneira mais rápida. “Temos sim, pessoas mal intencionadas que solicitam o registro como caçador porque é mais fácil, embora não tenha essa finalidade”, diz.
Em agosto, os Institutos Sou da Paz e Igarapé divulgaram que o número de armas nas mãos de CACs chegou a um milhão em julho, em todo o Brasil. É um crescimento de 187% entre 2019 e 2022, em comparação a 2018, quando o país somava 350 mil armas com caçadores, atiradores e colecionadores.