(*) Guilherme Vicente de Morais
A vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, na categoria Melhor Atriz em Filme de Drama, é um marco para o cinema nacional e para a cultura brasileira. Vinte e cinco anos após Fernanda Montenegro conquistar a estatueta de Melhor Filme em Língua Estrangeira com Central do Brasil, sua filha, Fernanda Torres, brilha na mesma cerimônia. Um momento histórico e emocionante que simboliza a força do talento e da narrativa brasileira no cenário internacional. Certamente, Montenegro deve estar cheia de orgulho, vendo sua filha seguir seus passos e elevar ainda mais o nome do Brasil na dramaturgia mundial.
Como crítico de cinema em anos passados, sempre acreditei no potencial imenso do nosso cinema. Assistir a produções nacionais era uma experiência enriquecedora e, muitas vezes, impactante. Nossa vitória recente no Globo de Ouro é a prova de que não somos insuficientes quando se trata de qualidade e profundidade artística. Apesar dos desafios de financiamento e das dificuldades históricas que o setor enfrenta, o Brasil continua mostrando sua capacidade de contar histórias que ressoam em escala global.
Nos últimos dois anos, vimos um pequeno, mas significativo aumento nos investimentos no setor audiovisual. Isso é promissor, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Premiações como essa evidenciam que investir em dramaturgia não é apenas valorizar a arte, mas também preservar a identidade e a memória do país. Espero que este momento inspire maior apoio estatal e privado ao cinema, para que possamos ver mais histórias brasileiras representadas nas grandes telas e premiações mundo afora.
Minha paixão pelo cinema nacional não é apenas como espectador ou crítico; é também como entusiasta e colaborador. Em 2024, tive a honra de idealizar e realizar o Festival Raro de Cinema, o primeiro dedicado exclusivamente a produções sobre doenças raras. Este projeto, que já planeja expandir para outras formas de arte com o nome FestRaro, é um exemplo de como o cinema pode educar, inspirar e transformar. Além disso, estou desenvolvendo um projeto seriado de documentários sobre o tema, que em breve trará novidades. A arte tem um poder único de conectar pessoas e histórias, e estou ansioso para continuar contribuindo com o setor.
Ainda Estou Aqui, o filme que consagrou Fernanda Torres, é mais do que uma produção premiada. Ele nos convida a revisitar uma época sombria da nossa história – a ditadura militar. Com um olhar sensível e uma atuação brilhante, a obra resgata a memória de figuras como Rubens Paiva e Eunice Paiva, reforçando a importância da resistência e da justiça. É um filme doloroso, mas necessário, especialmente em tempos em que a democracia e o Estado de Direito ainda precisam ser defendidos com veemência.
Pela merecida vitória, parabéns Fernanda Torres. Parabéns ao cinema nacional, que continua resistindo, emocionando e transformando. Viva a nossa cultura, viva a nossa história e, acima de tudo, viva o cinema brasileiro!
(*) Jornalista e especialista em Comunicação Digital e PR