O crucial engajamento das empresas nos novos compromissos da agenda do clima

Por Lívia Baldo*

Foi recebida como um sinal importante de alinhamento internacional em torno do tema a notícia, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em setembro em Nova York, de que cem países anunciaram que apresentarão novas metas climáticas na COP30, marcada para novembro em Belém do Pará. Pela primeira vez, algumas das maiores economias do mundo assumiram compromissos abrangendo todos os setores e gases de efeito estufa.
 

Mais do que definir objetivos, esse movimento reforça a urgência de transformar intenções em práticas concretas. A transição para uma economia de baixo carbono não depende apenas de governos e acordos multilaterais. Exige, sobretudo, o engajamento das empresas em soluções capazes de gerar impacto real, dentre elas o tratamento e a destinação ecologicamente correta de seus resíduos.
 

Nesse contexto, a economia circular ganha protagonismo. Quando bem aplicada, ela não apenas evita passivos ambientais, mas também cria valor. Um exemplo emblemático vem da gestão de resíduos como o lodo de esgoto e efluentes industriais, que podem ser transformados em fertilizantes orgânicos de qualidade. Assim, é importante que cada vez mais empresas busquem dar uma destinação correta aos seus resíduos. Essa prática devolve matéria orgânica ao solo, melhora a fertilidade em regiões tropicais e fortalece a produtividade agrícola, ao mesmo tempo em que reduz emissões e fecha ciclos produtivos.
 

Ao transformar resíduos em fertilizante orgânico composto, evitamos que toneladas de matéria orgânica sigam para aterros, onde se converteriam em metano, gás com potencial de aquecimento dezenas de vezes superior ao do dióxido de carbono. Além disso, o uso do fertilizante orgânico no campo reduz a dependência de adubos nitrogenados sintéticos, cuja produção é altamente emissora. Ao devolver matéria orgânica ao solo, fortalecemos sua fertilidade, estimulamos o sequestro de carbono e contribuímos para sistemas agrícolas mais resilientes e produtivos.
 

Os anúncios feitos em Nova York apontam para a necessidade de ampliar a escala de soluções já existentes. Se quisermos que a COP 30 represente um marco real de mudança, será fundamental olhar para experiências práticas que já estão em curso e que provam que desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental podem caminhar lado a lado.
 

*Lívia Baldo, especialista em gestão de resíduos, é diretora da Tera Ambiental.


 

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