Redação Planeta Amazônia
O Centro de Valorização de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), laboratório da Universidade Federal do Pará (UFPA), lançou neste mês de agosto o “Guia de Qualidade do Cacau Paraense”. A iniciativa, desenvolvida dentro do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, busca ampliar a competitividade do cacau produzido no estado e abrir novas oportunidades para produtores, cooperativas e indústrias.

Desde 2009, o CVACBA realiza pesquisas sobre o cacau amazônico, abrangendo toda a cadeia produtiva — da colheita ao processamento, passando pelo desenvolvimento de novos produtos e aproveitamento de resíduos. O foco é preservar os compostos bioativos do cacau, potencializar seus benefícios à saúde e valorizar a produção local.
“O guia orienta desde o momento ideal de colheita até o armazenamento das amêndoas, com critérios de classificação, controle de qualidade e rastreabilidade”, explica o professor Jesus Silva, coordenador do CVACBA.

O material reúne orientações sobre fermentação, secagem, transporte e manejo no campo, além de parâmetros físicos e físico-químicos obtidos a partir de amostras comerciais do estado. A pesquisadora Giulia Lima, doutora em Biotecnologia, destaca que o guia permite ao comprador identificar perfis específicos de amêndoas — como aquelas ideais para chocolates finos ou para a indústria de manteiga de cacau.
“Ao evidenciar a diversidade genética e sensorial do cacau paraense, o guia amplia as oportunidades de mercado e fortalece sua competitividade internacional”, afirma Giulia.

Produção e diferenciação
O Pará é atualmente o maior produtor de cacau do Brasil e apresenta a maior produtividade do mundo, superando países historicamente líderes no setor. A diversidade genética das plantas cultivadas no estado resulta em amêndoas com aromas e sabores únicos, valorizados no mercado global.
Por ser nativo da Amazônia, o cacau encontra no Pará condições ideais de clima e solo. O estado é o único no mundo a produzir cacau de várzea, o que contribui para a singularidade do produto.
A inovação tecnológica é apontada como elemento central na valorização do cacau amazônico. Segundo o professor Jesus Silva, o conhecimento científico aplicado permite o aproveitamento integral da matéria-prima, estimula o desenvolvimento de produtos funcionais e amplia a renda de agricultores familiares e cooperativas.
“A pesquisa no CVACBA garante qualidade, rastreabilidade e diferenciação ao cacau paraense, tornando-o um vetor de desenvolvimento econômico regional sustentável”, conclui Silva.