Redação Planeta Amazônia
Depois de mais de quatro décadas sem registros confirmados, uma árvore de valor histórico e ecológico foi novamente documentada na Floresta Amazônica: o pau-cravo (Dicypellium caryophyllaceum). Com aroma característico e altura de até 30 metros, a espécie, também conhecida como cravo-do-maranhão ou canela-cravo, foi localizada na área de influência da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no Pará.
O pau-cravo está classificado como criticamente em perigo de extinção e foi intensamente explorado desde o século XVIII, tanto como especiaria quanto pela qualidade de sua madeira. O processo de retirada da casca, que exigia o corte completo da árvore, provocou um colapso populacional. Somente em 2008, durante os Estudos de Impacto Ambiental da Usina Belo Monte, a espécie voltou a ser oficialmente registrada.

Ações de conservação lideradas pela Norte Energia
A concessionária Norte Energia tomou medidas concretas para preservar o pau-cravo, incluindo:
- Identificação e proteção de 30 árvores matrizes em áreas de preservação permanente (APP)
- Transplante de 11 plantas localizadas em áreas de supressão vegetal
- Produção de mais de 150 mudas em viveiro próprio em 2024
“Trabalhamos de forma técnica e cuidadosa para preservar a memória viva da floresta e proteger uma espécie rara e valiosa”, afirmou Roberto Silva, gerente de Meios Físico e Biótico da empresa.


Reconhecimento oficial e oportunidades científicas
O pau-cravo é endêmico do Brasil e consta na Lista Nacional da Flora Ameaçada de Extinção, publicada pelo Ibama em 2008. Hoje, há registros da espécie apenas nos municípios de Itaituba e Vitória do Xingu (PA), e em Buriticupu (MA).
A redescoberta representa uma oportunidade única para pesquisas científicas em áreas como genética, regeneração e papel ecológico da espécie.
“A ocorrência dessa planta permite estudos antes impossíveis. Já apoiamos teses de doutorado com os dados levantados”, explicou Roberto.
Uma descoberta que emociona e inspira
O identificador botânico Lindomar da Silva Lima, que atua na região desde 2011, participou diretamente da documentação da espécie e conta com emoção:
“Foi uma alegria imensa encontrar o pau-cravo. Só os antigos falavam dele. Agora posso compartilhar essa história com meus filhos e netos, para que cresçam com consciência de preservação.”