Redação Planeta Amazônia
Na agricultura familiar e indígena, a pesquisa científica pode trazer inovações em termos de técnicas de cultivo, controle de pragas e doenças, ou na utilização de novos insumos que sejam mais acessíveis e que respeitem o meio ambiente. E foi para atender essa demanda que o Governo do Estado, por meio da Faperr (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Roraima) lançou o edital da Chamada Agroambiental, que inicia o período de inscrições de projetos neste dia 21 de janeiro.
O Agroambiental vai selecionar e financiar projetos que explorem soluções, dentro de eixos temáticos específicos a produtividade de forma sustentável, sem prejudicar o ecossistema local. De acordo com o Diretor Administrativo da Faperr e doutor em Engenharia Florestal, Beethoven Barbosa, é necessário gerar conhecimento para o homem do campo para que a produção agrícola sofra menos riscos nesse momento em que o mundo enfrenta as mudanças climáticas.
“O ambiente não é uma ameaça, o meio ambiente está ao nosso favor e nós seres humanos precisamos aprender a conviver com a natureza, respeitá-la e fazer as nossas produções agrícolas que são necessárias à sobrevivência, da melhor forma possível. E é baseado em pesquisa, em inovação, gerando conhecimento local que vamos implementar melhor e ter menos riscos na produção do estado de Roraima”, explica o diretor.
No Agroambiental serão avaliados os projetos dentro de eixos temáticos considerados prioritários para o desenvolvimento de soluções que atendam às demandas do setor produtivo do estado sendo: Manejo Cultural do Solo; Economia e Segurança Alimentar; Manejo de Pastagens e Saúde Animal; Segurança Ambiental. Os pesquisadores deverão possuir formação e experiência compatíveis com o eixo temático e os objetivos do projeto de pesquisa a ser submetido. Os projetos de pesquisa científica devem estar fortemente alinhados ao Plano Roraima 2030, desenvolvido pelo Governo do Estado e às categorizações definidas no Zoneamento Ecológico-Econômico de Roraima.
As propostas com foco no “Manejo Integrado de Pragas para pastagens e culturas tradicionais” deverão ter suas pesquisas realizadas em regiões onde, comprovadamente, a ocorrência de pragas justifique a implementação da estratégia. Já as propostas com temática voltadas para o “Monitoramento fitopatológico da bananicultura” deverão ser desenvolvidas, obrigatoriamente, em pelo menos uma das localidades: Caroebe e/ou São João da Baliza, preferencialmente aquelas com ocorrência do moko da bananeira.
Do mesmo modo as propostas com foco no “Monitoramento hídrico em áreas de savana submetidas à drenagem e ao uso consuntivo de água na agricultura” deverão ser desenvolvidas em regiões onde tenha ocorrido drenagem para o cultivo de grãos, como soja e milho.
As propostas com temáticas voltadas para a “Detecção de risco de incêndio, considerando análises climáticas, combustíveis preferencialmente finos e aumentando a inflamabilidade para a elaboração de modelos preditivos” deverão ser desenvolvidas em áreas de fronteiras agrícolas com a floresta, especialmente nos municípios de Alto Alegre, Caracaraí, Iracema, Rorainópolis, São Luiz do Anauá e São João da Baliza.
As propostas com temática voltadas para o “Monitoramento das principais enfermidades em rebanho bovino de corte e leite” deverão ser destinados aos produtores familiares beneficiários do programa Roraima Mais Leite (Caroebe, Rorainópolis e São João da Baliza). As propostas apresentadas também devem inserir como transversalidade, temáticas voltadas para a “Modelagem visando uma agricultura familiar e indígena de baixo carbono” podendo ser aplicadas em qualquer contexto do estado de Roraima. O Governo Federal já trabalha o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) que tem como prioridade a produção sustentável de gado de leite e corte visando à baixa emissão de carbono na atmosfera.
São parceiros do Agroambiental a Seadi (Secretaria de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação), o Iater (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Roraima), a Aderr (Agência de Defesa Agropecuária de Roraima), a Femarh (Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e o CBMRR (Corpo de Bombeiros Militar de Roraima).
O secretário-adjunto de Agricultura, Desenvolvimento e Inovação, Teylor Filgueiras, informou que as pesquisas científicas no setor serão primordiais para promover e direcionar as políticas públicas voltadas ao pequeno produtor e às comunidades indígenas.
Dentre os objetivos e ações a serem desenvolvidos durante os projetos estão: Identificar e combater surtos de lagartas nas áreas agrícolas; Prevenir a crise hídrica com técnicas adequadas na agricultura; Realizar campanhas de conscientização sobre prevenção e combate a incêndios; Monitorar a saúde dos animais, capacitar produtores em práticas de ordenha higiênica e manejo sanitário do gado; Avaliar a eficiência econômica do uso de máquinas agrícolas e equipamentos em processos de produção, bem como segurança alimentar do Programa de Grãos em comunidades indígenas, dentre outros.
O Governo do Estado de Roraima, por meio da FAPERR, realizará um aporte financeiro de até R$ 2.107.200, sendo: R$ 516 mil para auxílio ao desenvolvimento da pesquisa científica; e R$ 1.591.200 em bolsas para a equipe executora do projeto. As bolsas terão duração de 12 meses e serão pagas diretamente a cada beneficiário após assinatura do termo de outorga. Edital e anexos estão disponíveis no site da Faperr.
As inscrições estarão abertas de 21 de janeiro à 21 de fevereiro de 2025 e serão realizadas via Sistema SIGFAPERR.