Cassandra Castro
Um fruto de cor e sabores marcantes, o açaí conta com uma legião de apaixonados e, quem ainda não conhece esta iguaria amazônica tem, no mínimo, curiosidade.
Se a fartura de açaí garante alimento e sustento para dezenas de famílias, uma forcinha da ciência pode ajudar ainda mais na produção.
Um experimento iniciado em 2022 tem o objetivo de descobrir a quantidade ideal de água para irrigação suplementar da variedade açaí-solteiro (Euterpe precatoria). Em 2023, a então aluna de graduação do curso de engenharia agronômica da Universidade Federal do Acre (UFAC), Júlia Luiz Batista, assumiu a pesquisa que foi iniciada pelos doutores Aureny Maria Pereira Lunz, da Embrapa; e Leonardo Paula de Souza, da UFAC.
Júlia conta que tinha acabado de ter a matéria de irrigação e drenagem na Universidade e se interessou muito pela área, por isso, foi procurar um projeto de pesquisa para dar continuidade aos estudos e a oportunidade apareceu. O açaizeiro está entrando no quarto ano de cultivo e o experimento deve ser mantido até o sétimo ano. “A ideia é acompanhar os primeiros anos do desenvolvimento vegetativo do açaí e verificar qual lâmina de água é melhor para este desenvolvimento”, afirma.

A pesquisadora explica que o experimento é feito em consórcio de açaí-solteiro (Euterpe precatoria) e banana-prata (Musa sp.), onde a bananeira é responsável por fornecer sombreamento para esta variedade de açaizeiro (o Euterpe precatoria possui fotossensibilidade, então seu desenvolvimento inicial necessita de sombra até seu estabelecimento). O experimento é acompanhado com uso de irrigação no período de junho a novembro, os dados climáticos começam a ser monitorados no mês de maio (últimas chuvas).
A agora Engenheira Agrônoma está no mestrado e vai continuar ministrando a pesquisa com o experimento. A exemplo do que houve com ela à época da graduação, outra aluna irá participar do projeto. A ideia de Júlia é manter a pesquisa e ampliar o trabalho tanto na área de irrigação quanto na de economia e climatologia.


Ela destaca a importância de trabalhos conjuntos no campo da pesquisa. “ É uma chance para que os alunos tenham a oportunidade de poderem atuar, obter conhecimento e prática, aprofundar-se na pesquisa”.
Graças à dedicação dos professores e alunos e a projetos conjuntos, o Acre pode estar bem perto de garantir mais sobrevivência e produtividade ao açaí mesmo em períodos rigorosos de seca na região que acontecem entre junho e novembro.