Redação Planeta Amazônia
Lideranças femininas da região do Alto Acre participaram de um encontro para debater a crise climática, seus efeitos nas mulheres e a inclusão produtiva delas, com foco na sustentabilidade. O Encontro de Mulheres Defensoras do Clima no Alto Acre foi promovido pelo Fórum de Desenvolvimento das Mulheres do Alto Acre, com o apoio do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Participaram mulheres de quatro municípios da região: Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolândia e Xapuri.
A Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participou do encontro virtualmente ressaltando a importância da inclusão produtiva dos segmentos mais vulnerabilizados. “Seja por meio de crédito, de assistência técnica, para desenvolver a capacidade empreendedora das mulheres em todos os níveis: extrativistas, trabalhadoras rurais, comerciantes, todas precisarão de apoio”, salientou.
A pesquisadora do IPAM, Jarlene Gomes, iniciou o painel sobre mudanças climáticas e proteção territorial perguntando sobre as percepções das participantes no seu dia a dia e o papel que elas desempenham no enfrentamento à crise climática. “É importante pensar quais são as alternativas para enfrentamento às mudanças climáticas adequadas à realidade territorial, considerando os modos de vida tradicionais. O trabalho do fórum e outras organizações de mulheres trazem oportunidades para construir as demandas e desenhar as políticas que promovam a garantia de seus direitos”, disse sobre o evento.
Durante o encontro foi apresentado o SOMUC (Sistema de Observação e Monitoramento de Unidades de Conservação). A plataforma é desenvolvida pelo IPAM em parceria com a SOS Amazônia e projeto Conexus e tem como objetivo fornecer informações para auxiliar em ações de planejamento para proteção territorial e ambiental de unidades de conservação da Amazônia brasileira. “O aplicativo permite que as comunidades das reservas registrem e tenham acesso às informações de produção da sociobiodiversidade, agricultura familiar, infraestrutura de produção, organizações que atuam nas cadeias, entre outros”, afirma a pesquisadora do IPAM, Sylvia Mitraud.
A coordenadora do Fórum de Desenvolvimento das Mulheres do Alto Acre, Leide Aquino, relatou que “a ferramenta é de fácil uso e serve como incentivo para que as mulheres passem a registrar o que elas produziram”.
Também pesquisadora do IPAM, Ariane Rodrigues falou sobre as salvaguardas socioambientais e a repartição justa dos benefícios em projetos de REDD+. A pesquisadora destacou a importância de criar espaços para a participação efetiva dos povos indígenas e comunidades tradicionais nas decisões que envolvam projetos de REDD+ sobre seus territórios.
“As mulheres agricultoras, extrativistas e indígenas do Alto Acre estão regenerando a floresta, produzindo alimentos de qualidade de forma sustentável e protegendo seus territórios. A participação delas nos espaços de tomada de decisão contribui não só para fortalecer a luta por seus direitos, como também é parte da transformação social justa e sustentável que o país precisa”, ressaltou Rodrigues.