Com mais de 14 mil espécies, as formigas ocupam grande parte do mundo e são uma enorme fração da biomassa animal na maioria dos ecossistemas terrestres. Para entender toda a diversidade deste grupo, pesquisadores de Okinawa, no Japão, se reuniram com vários institutos ao redor do mundo e descobriram espécies raríssimas no planeta.
O professor John Latteke, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), participou da pesquisa e ajudou a desenvolver um mapa de alta resolução para estimar a diversidade das formigas. Ele forneceu informações gerais sobre a distribuição desses animais na região neotropical, que compreende as Américas Central e do Sul.
— Existem zonas no Brasil em que nossos conhecimentos são fracos. Por isso, há uma elevada probabilidade de encontrar novas espécies e, possivelmente, novos gêneros, como é o caso do norte da Mata Atlântica, da região oeste da Amazônia e o Plano-alto das Guianas, no norte do país — disse o professor.
Ainda assim, ele reconhece que há mais informações sobre a fauna de formigas no Brasil na comparação com outras regiões da América Tropical e do trópico em geral. Neste ano, o grupo de pesquisa de Lattke descreveu um novo gênero do animal, chamado Igaponera curiosa.
A espécie já era conhecida, mas os cientistas perceberam que a morfologia dela não correspondia ao gênero em que originalmente foi descrita. Pesquisadores alemães encontraram apenas um exemplar coletado próximo à cidade de Manaus. Agora, os cientistas esperam que outros exemplares do gênero possam ser encontrados — e encorajam os colegas a tentarem conseguir mais espécimes.
Pretas e bem polidas
Em outra publicação, os estudiosos da UFPR abordam um agrupamento de formigas terrestres com distribuição principalmente na América do Sul. De acordo com o professor, são formigas pretas e bem polidas — e uma delas, conhecida como Neoponera marginata, é comum nos parques de Curitiba.
O projeto já tem cerca de uma década e começou quando o primeiro autor do estudo, o pesquisador Benoit Guénard, trabalhou para criar um banco de dados com registros de espécies de formigas. Pesquisadores de todo o mundo contribuíram virtualmente e, ao todo, mais de 14 mil espécies foram consideradas.
Apesar disso, a maior parte dos registros não possuía coordenadas precisas que pudessem ser usadas em um mapeamento. A equipe então construiu um fluxo de trabalho computacional que estima a localização a partir dos dados disponíveis. Ao fim do trabalho, eles conseguiram criar um mapa que mostrava o número de espécies de formigas em alcances muito pequenos.
Isso significa que espécies raras foram consideradas, embora sejam particularmente vulneráveis às mudanças ambientais. Outra questão é que, apesar dos cálculos, algumas áreas do mundo que deveriam ser centros de diversidade não aparecem no mapa, enquanto outras foram bem amostradas, como o caso dos Estados Unidos e da Europa.
Fonte: O Globo