Pesquisadores estudam morcegos na Amazônia para monitorar zoonoses e promover saúde ambiental

Redação Planeta Amazônia

Uma pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) está trazendo importantes avanços no monitoramento de zoonoses na região do Médio Solimões. A iniciativa visa identificar espécies de morcegos, seus parasitos e potenciais patógenos, contribuindo para estratégias de vigilância epidemiológica e saúde pública.

Coordenado pela pesquisadora Tamily Carvalho Melo dos Santos, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o projeto foi executado em áreas urbanas e rurais dos municípios de Alvarães e Tefé, além de unidades de conservação como Reservas Extrativistas, de Desenvolvimento Sustentável e Estação Ecológica. A ação integra o programa Profix-RH, destinado à fixação de mestres e doutores em instituições de pesquisa do interior.

Resultados da pesquisa

Ao todo, 1.116 morcegos foram capturados utilizando redes de neblina e detectores de ultrassom. Esses animais pertencem a 8 famílias, 41 gêneros e 85 espécies. Dentre os exames realizados:

  • 727 indivíduos foram testados para vírus da raiva e Coronavírus, com resultado negativo para ambos.
  • Foram identificadas sete espécies de helmintos, com destaque para o primeiro registro da espécie Nudacotyle novicia no Brasil — anteriormente conhecida apenas no Equador.
  • Em análises moleculares de sangue, 21 morcegos apresentaram infecção por Mycoplasma spp., bactéria associada a doenças respiratórias e genitais.

A coordenadora da pesquisa destaca que os morcegos são parte vital do equilíbrio ecológico e não devem ser vistos como vilões. “Compreender como eles interagem com o meio ambiente e com os seres humanos é essencial para prevenir futuras crises sanitárias”, afirmou Tamily Santos.

foto: pesquisadora Tamily dos Santos

Educação ambiental nas comunidades

Além da coleta de dados científicos, o projeto também promoveu ações de educação ambiental nas comunidades da Reserva Mamirauá e na cidade de Tefé. Moradores participaram de atividades de campo, aprendendo sobre a importância dos morcegos como polinizadores, dispersores de sementes e controladores de insetos — papéis fundamentais para o equilíbrio das florestas amazônicas.

Apoio à ciência regional

Segundo a pesquisadora, o apoio da Fapeam foi crucial para o sucesso do projeto. “A Fundação contribui não apenas com recursos financeiros, mas com o incentivo à inovação e à disseminação do conhecimento científico na Amazônia”, ressaltou.

Sobre o Profix-RH

O Profix-RH – Programa de Fixação de Recursos Humanos para o Interior do Estado visa promover a permanência de mestres e doutores em instituições de ensino e pesquisa nas regiões do interior do Amazonas. O programa oferece bolsas e apoio financeiro para fomentar Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) voltadas à resolução de problemas locais.

By emprezaz

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