Redação Planeta Amazônia
Pesquisada no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém, a andiroba vem se consolidando como um dos insumos mais promissores da bioeconomia amazônica. Um artigo científico produzido por pesquisadores do Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA) e do Laboratório de Genética e Biologia Celular (GenBioCel), da Universidade Federal do Pará (UFPA), com colaboração do Museu Paraense Emílio Goeldi e de instituições nacionais e internacionais, detalha os benefícios e aplicações da espécie.
O óleo de andiroba apresenta propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, antibacterianas, antifúngicas e cicatrizantes, além de potencial anticancerígeno e ação no combate à obesidade. No setor industrial, suas características físico-químicas permitem o desenvolvimento de bioprodutos, como cosméticos e biodiesel. As pesquisas reforçam a importância de inserir produtos amazônicos no mercado de forma sustentável, agregando valor e fortalecendo a sociobioeconomia regional.

Entre os resultados práticos está o biocurativo desenvolvido pelo LOA, que combina óleos amazônicos, incluindo o de andiroba. O produto protege feridas, inibe bactérias e acelera a cicatrização, sendo biodegradável e eficaz.
De acordo com Adriano Nascimento, vice-coordenador do LOA, a andiroba, tradicionalmente usada como anti-inflamatório e repelente, tem potencial para gerar bioplásticos e cosméticos. “A andiroba é um tesouro da Amazônia, conhecida e utilizada pela maioria dos povos da região. Sua extração artesanal é um saber ancestral que a ciência ajuda a fortalecer”, afirmou o pesquisador.
As ações do LOA integram o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA), coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas). O programa incentiva cadeias produtivas sustentáveis e capacita agricultores familiares em boas práticas de extração. Até o momento, já foram realizadas dez capacitações em municípios do nordeste paraense, beneficiando 179 mulheres.
“Ao unir ciência, tecnologia e saberes tradicionais, o trabalho com a andiroba no PCT Guamá gera oportunidades de negócios, valoriza a produção regional e reforça a bioeconomia como caminho para renda, preservação da floresta e fortalecimento da identidade produtiva do Pará”, destacou Nascimento.
No GenBioCel, coordenado pela professora Renata Noronha, as pesquisas buscam validar cientificamente os efeitos da andiroba. O laboratório, pioneiro na região Norte em análises celulares de óleos e biomateriais, realiza testes com sementes de andirobeira (Carapa guaianensis) para comprovar benefícios, determinar doses seguras e ampliar a aplicação da biodiversidade amazônica.
“Testes celulares com óleos da Amazônia são essenciais para comprovar benefícios e impulsionar a bioeconomia, transformando a biodiversidade em produtos de alto valor agregado”, afirmou Renata Noronha.

Referência em inovação, o PCT Guamá é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), em parceria com a UFPA, a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e gestão da Fundação Guamá.
Localizado às margens do Rio Guamá, o complexo ocupa 72 hectares e reúne mais de 90 empresas, 17 laboratórios, cerca de 400 pesquisadores e 44 patentes. O parque integra redes nacionais e internacionais de inovação, como a Anprotec e a Iasp, consolidando-se como o maior ecossistema de pesquisa tecnológica da região Norte.