Redação Planeta Amazônia
O ato de plantar árvores dá mais retornos positivos do que se imagina, além de ser uma boa ação ao planeta, áreas com cobertura vegetal podem salvar vidas, isso é o que explica o estudo publicado nessa terça-feira, 31, na revista científica The Lancet. De acordo com a pesquisa, um terço das mortes prematuras relacionadas a temperaturas mais altas nas cidades europeias durante o verão de 2015, poderia ter sido evitado com o aumento da cobertura arborizada urbana para 30%. O estudo comprova que a cobertura de árvores reduziu as temperaturas urbanas em uma média de 0,4 graus durante o verão.
Um dos autores da pesquisa, Tamar Iungman, do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), disse que o levantamento é o maior de seu tipo e o primeiro a olhar especificamente para a mortalidade prematura causada por temperaturas mais altas nas cidades e o número de mortes que poderiam ser evitadas com o aumento da cobertura de árvores.
“Já sabemos que as altas temperaturas em ambientes urbanos estão associadas a resultados negativos para a saúde, como insuficiência cardiorrespiratória, internação hospitalar e morte prematura”, disse o autor.
O estudo colocado pelo pesquisador é visto com um olhar futurista e importante para direcionar políticas públicas, além de orientar tomadores de decisão sobre quais medidas podem ser tomadas com relação à infraestrutura e planejamento urbano. No caso da Europa, por exemplo, onde o estudo foi realizado, o continente experimenta flutuações de temperatura mais extremas por causa das mudanças climáticas.
Em um comparativo com as áreas rurais nas quais há maior presença de florestas, os ambientes urbanos registram temperaturas mais altas, fenômeno conhecido como “ilhas de calor”. A diferença de temperatura é causada pela modificação das paisagens pelos humanos, como a remoção da vegetação, a presença de asfalto e o uso de materiais de construção que absorvem e retêm calor. Com o aumento da temperatura média global, a expectativa é de que as temperaturas nas cidades também fiquem mais intensas, o que demonstra a necessidade de adaptação às mudanças do clima.
O estudo coloca que 6.700 mortes prematuras podem ser atribuídas a temperaturas urbanas mais quentes durante os meses de verão, representando 4,3% da mortalidade no verão e 1,8% da mortalidade durante todo o ano. Esses números representam que uma em cada três dessas mortes (2.644 no total) poderia ter sido evitada aumentando a cobertura de árvores em até 30% e, portanto, reduzindo as temperaturas. Isso corresponde a 39,5% de todas as mortes atribuíveis a temperaturas urbanas mais quentes, 1,8% de todas as mortes no verão e 0,4% das mortes durante todo o ano.
O coautor do estudo e diretor de Planejamento Urbano, Meio Ambiente e Saúde do ISGlobal, Mark Nieuwenhuijsen, afirma: Incentivamos os planejadores e tomadores de decisão da cidade a incorporar a infraestrutura verde urbana adaptada a cada ambiente local, combinando-a com outras intervenções para maximizar os benefícios à saúde, promovendo cidades mais sustentáveis e resilientes”.