Plantas medicinais do Cerrado revelam potencial para controle sustentável de ervas daninhas

Redação Planeta Amazônia

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão desenvolvendo uma alternativa natural para o controle de ervas daninhas, utilizando extratos de plantas do gênero Hyptis, conhecidas popularmente como Hortelã do Mato e Tapera Velha. O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), foi contemplado no edital de Mestrado com Produto Tecnológico (008/2021) e busca substituir os herbicidas sintéticos por bio-herbicidas menos agressivos ao meio ambiente.

A pesquisa é coordenada pela professora doutora Olívia Moreira Sampaio e investiga o fenômeno da alelopatia — processo em que plantas liberam compostos químicos capazes de inibir o crescimento de outras espécies. Essas substâncias naturais, chamadas aleloquímicos, vêm ganhando atenção por sua capacidade de controlar plantas invasoras de forma sustentável.

As plantas daninhas do gênero Amaranthus, como A. hybridus, A. spinosus e A. viridis, têm causado sérios prejuízos à agricultura brasileira por sua alta resistência a herbicidas convencionais. Elas competem por luz e nutrientes e resistem mesmo ao uso intensivo de grifosato — tornando urgente a busca por novas soluções.

Cinco espécies de Hyptis foram coletadas em Cuiabá, Poconé e Santo Antônio do Leverger para testes de atividade herbicida. Entre elas, Hyptis brevipes apresentou destaque ao reduzir em mais de 50% a fotossíntese das plantas daninhas, tanto em folhas destacadas quanto intactas. O extrato bloqueia a transferência de elétrons no fotossistema II, mecanismo essencial à fotossíntese.

foto: Arquivo Pesquisadora

A equipe identificou compostos como terpenoides e flavonoides — potencialmente responsáveis pelo efeito herbicida — utilizando cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas. Também estão sendo avaliadas a toxicidade dos extratos e sua segurança para pessoas, animais e o solo.

Segundo a bolsista de mestrado Arielly Rodrigues, os resultados abrem caminho para novos produtos fitossanitários com base vegetal, menos tóxicos e mais seguros:

“A continuidade da pesquisa poderá contribuir com novas patentes e transferência de tecnologia para o setor produtivo”.

By emprezaz

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