O presente da Amazônia é assunto que interessa o mundo inteiro e o seu passado também causa curiosidade. O livro “A Ideia de Civilização nas Imagens da Amazônia 1865-1908” (Editora Telha), do pesquisador Maurício Zouein, traz fotografias que mostram a marginalização dos povos indígenas na Amazônia do século XIX. Natural de São Paulo, o autor fixou residência em Roraima, em 1974, onde trabalhou na criação do Parque Yanomami e iniciou um trabalho de registro e de pesquisa de imagem e arte junto a comunidades indígenas.
Os registros fotográficos revelados por Maurício Zouein mostram uma Amazônia brasileira de população marcada pela “pobreza na condição de ser civilizado e o exótico na condição de ser explorado”, conforme descreve o autor. As fotos da época, apontam para o contraste flagrante à realidade da elite promissora do Ciclo da Borracha, que agitava os grandes centros urbanos da Amazônia – Belém e Manaus, no Amazonas – com a construção de palacetes e teatros majestosos, bondes elétricos, água tratada e óperas famosas.
As imagens do livro conduz o leitor à compreensão das relações sociais, políticas, econômicas e culturais, que mostram a luta local pela preservação do tradicional e do “progresso” ao custo da degradação da floresta e da exploração humana.
Através da tríade “Comunicação, Territorialidades e Saberes Amazônicos”, é possível observar o intenso trânsito étnico e cultural da região que suscitam reflexões sobre como se constitui historicamente a ideia de civilização nas imagens fotográficas da Amazônia brasileira.
Em Roraima, Zouein trabalhou na Comissão de Criação do Parque Yanomami e conviveu com a fotógrafa Claudia Andújar realizando trabalhos com as comunidades Yanomami, Yekuana e Sanumá. Ele também colaborou na pesquisa americana de semiótica com o professor Floyd Merrell, da Purdue University. Atualmente, ele desenvolve pesquisas no Laboratório de Imagem, Metrópole, Arte e Memória da UFRJ e na linha de pesquisa Visualidades Amazônicas pela UFRR.
Após concluir os cursos Understanding Research Methods, na Universidade de Londres, e Seeing Through Photographs, no Museu de Arte Moderna de Nova York, o interesse do autor voltou-se para as visualidades amazônicas que incorporam a pintura, gravura e fotografia.
O livro pode está à venda no site da editora aqui.
Fonte: oliberal.com