Povos da Amazônia protagonizam mobilização rumo à COP30

Redação Planeta Amazônia

Em 2025, o Brasil sediará pela primeira vez a Conferência das Partes da ONU sobre mudanças climáticas — a COP30, maior evento climático do planeta. Mas, embora essa agenda trate diretamente da sobrevivência da humanidade, as vozes dos territórios mais vulnerabilizados ainda são pouco ouvidas.

Para transformar essa realidade, surge a Mobilização dos Povos pela Terra e pelo Clima, promovida pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil). O movimento atua para garantir a presença ativa de povos da floresta, comunidades tradicionais e movimentos sociais no processo da COP30 — antes, durante e depois do evento.

Entre abril e junho de 2025, foram realizadas 18 rodas de conversa em cinco estados da Amazônia Legal: Pará, Tocantins, Maranhão, Roraima e Mato Grosso. Os encontros reuniram 964 participantes, com 72,5% de mulheres lideranças, em cidades como Santarém, Bacabal, Marabá e Cuiabá.

Dessa escuta territorial nasceu a Carta de Demandas: Vozes do Território da Amazônia para a COP30, entregue ao enviado especial Joaquim Belo — líder extrativista e articulador das populações tradicionais.

Metodologia desenhada da roda de conversa na Comunidade Alegria, no município de Timbiras (MA)/foto Divulgação: REPAM-Brasil

Destaques da Carta

A carta apresenta propostas concretas para enfrentar a crise climática e valorizar os modos de vida amazônicos:

  • Criação de planos emergenciais contra secas, queimadas e fumaça
  • Moratória de obras de infraestrutura sem consulta comunitária
  • Proteção a defensores ambientais e dos territórios
  • Água potável e ar puro como direitos básicos
  • Fomento à agroecologia como alternativa sustentável
  • Inclusão efetiva dos povos da Amazônia nas decisões climáticas

Vozes do Território

Um dos momentos mais potentes da mobilização foi a roda de conversa no Quilombo Catucá (MA), marcada pela força das mulheres negras que compartilham os efeitos reais das mudanças climáticas — como calor extremo, escassez de água e prejuízos na produção de alimentos.

Segundo Arlete Gomes, coordenadora da REPAM-Brasil:

“As cartas são escritas a mão, desenhadas com afeto. São o reflexo real de quem vive na linha de frente da crise ambiental.”

Compromisso com o futuro

Ao receber a carta, Joaquim Belo destacou o sentido profundo da solidariedade entre natureza e povos da floresta:

“Essa floresta cuida de todos nós. Esse rio cuida de todos nós. Precisamos caminhar junto com eles e garantir que existam para as próximas gerações.”

A entrega da Carta representa um passo histórico rumo a uma COP30 com raízes nos territórios e compromisso com a justiça climática verdadeira: construída de baixo para cima, com quem nunca deixou de resistir.

By emprezaz

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