Na última semana, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) lançaram a obra Luta pela terra na Amazônia: mortos na luta pela terra! Vivos na luta pela terra!, que apresenta uma problemática recorrente no interior do Pará: a brutalidade causada pela violência no campo. O objetivo da equipe que atuou na construção da obra é relatar a memória de pessoas diretamente afetadas pela agressividade que paira nos sertões da região amazônica: esposas, filhas, filhos, amigos, ou seja, todo o ciclo familiar das inúmeras vítimas.
Essas lembranças foram inseridas em quase 800 páginas, compostas por textos, fotos, cartazes e recortes de jornais que exibem nove casos de assassinatos de camponeses ligados à luta pela terra, além de retratar o massacre de Eldorado dos Carajás e as chacinas da fazenda Princesa e Ubá. O livro aborda, ainda, duas seções sobre advogados e religiosos que combateram o latifúndio ou eram ligados a causas ambientais.
“A ideia do livro é abrir um espaço para expor o motivo de esses assassinatos terem ocorrido. Para demonstrar que nenhuma liderança foi morta por um motivo qualquer, essas pessoas defendiam suas causas, defendiam uma causa e o direito à posse da terra”, declara Elias Sacramento, professor da UFPA, que coordenou a organização da obra com o professor Rogério Almeida, que aprovou um projeto de extensão pela Universidade Federal do Oeste do Pará. O professor Elias também colaborou com suas memórias, visto que é filho do camponês Virgílio Sacramento, uma das inúmeras vítimas da violência no campo.
O docente da UFPA Cametá confessa que recuperar tais lembranças pode acarretar dor e perdas por parte dos entrevistados, mas é necessário. “Eu escrevi a parte do livro que fala do meu pai, embora, atualmente, eu não padeça ou chore pelo seu assassinato, retomar esse tipo de memória continua sendo muito doloroso”.
Sobre o livro – A produção da obra contou com mais de 50 pessoas, entre elas, autores; revisores; diagramadores; fornecedores de fotos e arquivos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Belém e Marabá; extensionistas; designer de redes sociais e comunicadores. E a responsabilidade de reunir todo esse público ficou por conta do professor Rogério Almeida, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
“A elaboração do livro não teria essa cara se não fosse pela parceria construída com o professor Rogerio Almeida. Ele fez muitos contatos para que as informações do livro possam ter uma dimensão muito grande e para que os seus leitores possam, por meio da escrita, ter um conhecimento preciso e consistente sobre os casos de assassinato e violações dos direitos humanos na Amazônia”, declara o professor da UFPA.
“Luta pela terra na Amazônia: mortos na luta pela terra! Vivos na luta pela terra!” está disponível, gratuitamente, para todos aqueles que se interessem por questões que envolvam conflitos no campo, seja pela má distribuição de terras, seja pela destruição sem precedentes, provocada pelo agronegócio, garimpo, desmatamento e tantas outras formas de devastação que rodeiam a região amazônica. A obra pode ser adquirida por meio deste link. Em julho, será feito o lançamento impresso em Marabá, com um ato reunindo muitos trabalhadores, lideranças, familiares e amigos dos casos apontados na obra.
Texto: Leandra Souza – Assessoria Institucional de Comunicação da UFPA