Redação Planeta Amazônia
Educação que chega mais longe e dialoga com as realidades locais na Amazônia. Que considera as necessidades e desejos dos jovens que vivem na maior floresta tropical do mundo. Organizada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), uma nova etapa do projeto Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinhas na Amazônia (Dicara) foi lançada, neste mês, no município de Tefé (a 522 quilômetros de Manaus).
O seminário de abertura do projeto foi realizado no auditório da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) no município e reuniu representantes de 28 comunidades ribeirinhas e duas Unidades de Conservação (UCs) da região. O projeto oferece capacitações e oficinas em educação, arte e esporte com o objetivo de estimular a autonomia, autoestima e valorização cultural de crianças e adolescentes.
“É a primeira vez que participarei diretamente do projeto”, comenta Aquiane Juciele, estudante de 16 anos e moradora do município. “Tenho expectativas que seja algo muito bom para a nossa juventude e acredito que o projeto vai influenciar em nossa vida toda, nossa formação profissional e sociocultural”.
“Somos muito gratos pelo que a FAS fez e continua fazendo por nossa comunidade e pela reserva”, afirma Aldair Pinto, presidente da Associação Agroextrativista Catuá Ipixuna.
A educadora social da FAS, Avana Franco, destaca que “a iniciativa visa fortalecer esses jovens em suas identidades e também oferecer oportunidades de acesso à direitos de educação e cidadania, para projetar o futuro”.
No seminário de abertura, a organização apresentou os objetivos, atividades propostas e cronograma para os comunitários. A agenda final e as comunidades-polo que vão receber as ações serão definidas de forma participativa com as lideranças e a juventude das comunidades.
Educação de qualidade
É a segunda vez que o projeto é realizado em Tefé, localizada na região do Médio Solimões. Com mais de 10 mil pessoas vivendo na zona rural, de acordo com dados do último censo (2010), o município encara o desafio de garantir a cobertura total do sistema público de educação.
“O projeto trabalha em colaboração com as prefeituras e secretarias de educação, oferecendo educação complementar, de acordo com as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, explica Ademar Cruz, coordenador de Articulação Institucional da FAS. “Vamos juntos caminhar para levar políticas públicas e educação de qualidade para nossa população rural”.
Por meio do projeto, a FAS desenvolve cursos gratuitos de educação ambiental, informática básica, música (violão) e liderança jovem. As atividades vão abranger comunidades na Floresta Nacional (Flona) de Tefé e na Reserva Extrativista Catuá Ipixuna. Na sede municipal, os distritos de Jutica e Caiambé, além da filial da Pastoral do Menor também serão envolvidas.
“Com a parceria da FAS, podemos ampliar nossas atividades e oferecer capacitações para mais crianças e adolescentes, em oficinas de música e informática, que é imprescindível para a formação delas, preparando esses jovens para o mercado de trabalho e para a vida”, aponta Odelane Barbosa, representante local da Pastoral do Menor.
Em agosto, a FAS começará as visitas domiciliares nas comunidades para levantamento de informações socioeconômicas e no mês de setembro começam as oficinas socioeducativas, e os cursos de música. Na programação do projeto, que terá duração de dois anos, também está prevista a realização de grandes eventos educativos, como os Encontros de Jovens Líderes e as Olimpíadas da Floresta, maratona de práticas desportivas que vai mobilizar as 28 comunidades da região.
Sobre o projeto
Criado pela FAS em 2014, o projeto Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinhas na Amazônia (Dicara) realiza ações socioeducativas, acompanhamento familiar e capacitação de agentes de comunitário de saúde com foco no fortalecimento da rede de proteção de crianças e adolescentes. A metodologia do projeto segue os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 9 anos de atuação, o Dicara já contemplou nove municípios e 12 Unidades de Conservação na Amazônia. Somente em 2022, mais de 1.600 pessoas foram beneficiadas com as atividades.
O projeto conta com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema-AM), da Prefeitura Municipal de Tefé, Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA), Associação de Moradores e Produtores Agroextrativistas da Flona Tefé e Entorno (APAFE) e da Associação Agroextrativista Catuá-Ipixuna (AACI).