Redação Planeta Amazônia
Com o objetivo de levar a perspectiva dos jovens da floresta para o mundo por meio de práticas de educomunicação, o projeto Repórteres da Floresta, uma iniciativa da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), oferece oficinas sobre técnicas de comunicação em diferentes mídias, como rádio, TV e internet, para jovens e adolescentes de comunidades ribeirinhas do Amazonas. Desde 2014, a iniciativa já formou mais de 300 participantes.
As formações e atividades ocorrem nos Núcleos de Inovação e Educação para Sustentabilidade (Nieds) da FAS, localizados em comunidades ribeirinhas e indígenas. A atual edição do projeto começou em agosto e deve contemplar, até o final do ano, aproximadamente 120 alunos de mais de 20 comunidades situadas nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, Uatumã, Uacari, Juma e Mamirauá.
“O Repórter da Floresta é aquele que será responsável por mostrar a sua comunidade para o mundo. O objetivo é capacitar os jovens para que eles retratem a realidade ribeirinha por meio de diferentes mídias de comunicação”, resume Fabiana Cunha, gerente do Programa de Educação para Sustentabilidade (PES) da FAS.
“O projeto é voltado para o empoderamento local. Lutamos para que esses jovens tenham o poder da voz. Por muito tempo, outras pessoas falaram por eles. Nós queremos empoderá-los para que falem por si mesmos, usando os meios de comunicação, seja escrito, digital ou falado, contem suas aspirações, medos e conquistas para as suas comunidades e para o mundo”, explica o coordenador dos Nieds, Rafael Sales.
Na edição deste ano, a metodologia utilizada pelo Repórteres da Floresta é dividida em dois momentos: o teórico, onde os jovens aprendem técnicas de fotografia, vídeo, áudio, iluminação e edição; e a prática, quando os alunos vão para o campo e utilizam os conhecimentos aprendidos para captar a realidade de sua comunidade. Os jovens são incentivados a explorar os aspectos do seu cotidiano, como o turismo de base comunitária, o artesanato e as características do local onde vivem, por exemplo.
O fotógrafo e instrutor das oficinas, Lucas Bonny, explica que o foco do projeto em 2023 é a comunicação digital, pensando nela como ferramenta de divulgação dos negócios locais das comunidades ribeirinhas.
“Com foco na comunicação digital e produção de conteúdo para internet, isso faz com que tudo que eles produzem seja visto por mais pessoas e tenha um alcance maior. O ‘Repórteres da Floresta’ está dando voz para uma galera que nem sempre é ouvida, que muitas vezes é esquecida. Nossa iniciativa faz com que o alcance da voz deles seja maior. Exploramos o olhar deles para a própria realidade e agora eles estão contando suas histórias”, relata o instrutor.
Além das oficinas de comunicação digital, os jovens repórteres produzirão podcasts de entrevistas com personalidades de suas comunidades, como lideranças e figuras de destaque. A perspectiva é finalizar o projeto com um encontro dos jovens repórteres da floresta em dezembro deste ano.
Voz e vez para a juventude
Jeferson Ferreira Rodrigues tem 23 anos e é morador da comunidade Tumbira, na RDS do Rio Negro, situada no município de Iranduba (a 64 quilômetros de Manaus). Ele participa do projeto ‘Repórteres da Floresta’ há cerca de um ano. Jeferson, que é apaixonado por fotografia e vídeo e já faz trabalhos como social media, vê na iniciativa um grande agregador para sua vida pessoal e profissional.
“O projeto contribuiu para que eu meio que tomasse o rumo da minha vida, das coisas pela qual eu teria que lutar e me trouxe muitos aprendizados que hoje eu posso pôr em prática nos meus trabalhos. Isso me ajuda a divulgar nossa comunidade, tanto para o turismo para atrair mais visitantes, quanto para mostrar nossa realidade e agir em prol da melhoria da qualidade de vida dos povos ribeirinhos e indígenas, além de levar para o mundo um pouco das práticas sustentáveis para o bem do nosso planeta”, relata o jovem comunicador.
Para Jeferson, o projeto ajuda também na qualidade de vida da comunidade. “A comunicação nos dá voz, para dizer onde dói, onde tem de melhorar, o que está certo e o que está errado. A gente que mora aqui não tem de deixar que falem por nós, mas sim entrar num consenso para buscar um bem em comum, e através da comunicação, podemos falar pela nossa gente”, afirma.