Ila Verus
O uso adequado da terra visando meios de preservação e conservação do meio ambiente é o que está desenvolvendo a Embrapa Acre com o povo Indígena Puyanawa, que por meio de uma equipe multidisciplinar de pesquisadores e analistas realiza o um projeto de nome: “Gestão territorial, boas práticas de produção e sociobiodiversidade” que já está na fase II.
O projeto possibilita à comunidade indígena o melhor uso de seu território, trabalhando referenciais para a recuperação do solo, utilizando instrumentos de gestão, como a revisão do plano de gestão territorial ambiental, de forma a estruturar o plano de adaptação e mitigação de mudanças climáticas. Possibilitando cada vez mais a contribuição eficiente do território indígena.
O povo Puyanawa possui um território de 24 mil hectares, sendo 1,5 mil de áreas abertas. Mas quando tiveram seu domínio reconhecido, já haviam áreas desmatadas. E hoje trabalham com a floresta primária, cultivando mandioca, para produção de farinha, que são produzidas nas áreas derrubadas. Desse modo, trabalhando com áreas primárias e secundárias de áreas abertas recuperadas.
Mudas para reflorestamento do território indígena
“Esse projeto que a gente tem acompanhado são 53 famílias que, uma delas trabalhou 1 hectare de plantação de açaí, acerola e graviola, mas a gente está inserindo outras espécies. Objetivo é ampliar essa área de cultivo”, explica o pesquisador Eufran Amaral, líder do projeto.
Formada por duas aldeias (Barão do Rio Branco e Ipiranga), a Terra Indígena Puyanawa está localizada no município de Mâncio Lima. O projeto é executado com a participação da comunidade e tem a parceria da Secretaria de Estado de Produção e Agronegócio (Sepa/Juruá), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Políticas Indígenas (Semapi), Secretaria Municipal de Agricultura de Mâncio Lima (SEMAG) e Fundação Nacional do Índio (Funai CR-Juruá).
Comunidade Puyanawa
Os trabalhos são feitos de forma integrada entre a equipe de técnicos e a equipe indígena, que trabalham com os produtores, com os alunos da escola, as lideranças, cacique, presidente da associação, para que haja um processo de construção de conhecimento.
Para fortalecer a produção e a gestão da Terra Indígena Puyanawa, um dos principais eixos do projeto é a realização de capacitação continuada, para formação de agentes multiplicadores de conhecimentos nas aldeias. O cronograma de ações, elaborado a partir de demandas da comunidade, terá início em 2023 e contemplará cursos sobre práticas agroflorestais, com ênfase na implantação, manejo e condução de quintais agroflorestais, consórcios agroflorestais e pomares com frutíferas nativas e de outras regiões como o açaí ,abacate, citros, graviola, pupunha, castanha-do-brasil, biribá, acerola, mamão, maracujá, banana, abacaxi, cupuaçu e patauá.
Para a transferência desses conhecimentos serão implantadas Unidades de Referência Tecnológica em diferentes temáticas, que servirão como sala de aula e ambiente de aprendizagem prática para os Puyanawa e outros povos indígenas em eventos como palestras e Dias de Campo. Os conteúdos técnicos também serão compartilhados com moradores de outras comunidades indígenas por meio de agentes multiplicadores.
“O projeto é extremamente importante para a comunidade porque permite com que a Embrapa com o seu conhecimento, com as tecnologias sociais estejam diretamente e diariamente trabalhando e auxiliando a comunidade. E a partir do momento que a gente está lá trabalhando com eles vai criando referenciais para eles terem cada vez mais resiliência através de uma melhor e maior produção em relação a farinha, fazendo melhor uso do seu território”, disse Amaral.