Redação Planeta Amazônia
O Brasil é o maior produtor de açaí no mundo, com uma produção de mais de 1,5 milhão de toneladas por ano, gerando um valor de R$ 5,3 bilhões. O impacto do beneficiamento da cadeia produtiva do fruto alcança cerca de 120 mil famílias e 200 empreendimentos da agricultura familiar, entre cooperativas, associações e agroindústrias.
Desde um robô que automatiza a coleta de açaí, até o beneficiamento do fruto para novas tecnologias de fabricação de produtos, o açaí desponta como um produto inovador no ecossistema de negócios de Boa Vista (RR). A startup Agranus, foi responsável pela criação da tecnologia do ‘Climbot’, um equipamento para colheita automatizada que maximiza a produção e se integra à cadeia produtiva do açaí. A proposta do modelo de negócio é tornar a tecnologia acessível aos extrativistas da região por meio de aluguel dos equipamentos, proporcionando maior segurança para os trabalhadores.
O Instituto Federal de Roraima, em parceira com o Idesam e Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa, Extensão e Interiorização do Instituto Federal do Amazonas (Faepi/Ifam) também desenvolve pesquisas de novas tecnologias de fabricação para produtos de açaí, como embalagens inteligentes para peixes, fruit roll (fruit leather) e suco de açaí. O projeto visa desenvolver embalagens feitas de açaí que identificam a qualidade e garantia de armazenamento de peixes e laticínios.
A embalagem, em formato adesivo, muda de cor indicando a qualidade do produto. Uma tecnologia inovadora e interessante que contribui para a preservação da espécie e para o desenvolvimento de novos produtos estáveis e seguros, ampliando o leque de produtos de açaí comercializados e impactando positivamente na renda de produtores e empresas.
Esses projetos já recebem aporte financeiro do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), idealizado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e coordenado pelo Idesam. Eles foram apresentados como cases durante a Jornada de Integração Regional e Interiorização do Desenvolvimento, realizada em Roraima no mês de março. O evento, promovido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), por meio da Suframa, tem o objetivo de disseminar os benefícios do modelo Zona Franca de Manaus, promover maior articulação com os Estados da Amazônia Ocidental e Amapá e contribuir para a melhora do ambiente de negócios na região.
Para Paulo Simonetti, líder de Inovação em Bioeconomia do Idesam, a Jornada é uma maneira de divulgar os benefícios da Lei de Informática, os resultados da Política de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), e promover a articulação entre os estados.
“Durante a Jornada, temos a oportunidade de divulgar a agenda de bioeconomia na região. Então, o Idesam e o corpo técnico da Suframa, além dos parceiros, podem falar sobre atuação com as empresas, como as empresas podem se cadastrar para receber os incentivos fiscais, como utilizar as Leis de Informática e como ter acesso a recursos de PD&I. Então, é essa a agenda, de promover essa conexão com o ecossistema local, com os atores locais, em relação ao que a Suframa já faz”, destaca.
Etnoturismo e venda de serviços ambientais
Em Rondônia, a Jornada de Integração Regional e Interiorização do Desenvolvimento, ocorreu em abril. Na ocasião, foi anunciado um total de R$ 2,9 milhões, a serem utilizados em projetos de PD&I no estado, oriundos dos recursos da Lei de Informática da Zona Franca de Manaus (ZFM). Esse valor soma-se aos R$ 20 milhões já anunciados na primeira jornada no Estado, realizada em outubro do ano passado.
Os novos projetos integrantes do PPBio, tratam do aprimoramento de plataforma de monitoramento de árvores matrizes, facilitando o planejamento e comercialização de produtos de árvores adultas como sementes, resinas, óleos, entre outros, além de contribuir para a restauração e proteção de ecossistemas. Também abordam o desenvolvimento de um modelo inovador de geração de créditos de carbono a ser implementado na Terra Indígena (TI) Sete de Setembro, o ‘Carbono Suruí’, que beneficiará diretamente o povo Paiter Suruí por meio do protagonismo da comunidade no uso de mecanismos do mercado de carbono para geração de renda na área.
Ainda em 2023, o modelo de negócios ‘Yabnaby – Espaço Turístico Paiter Suruí’, a primeira agência indígena de etnoturismo criada e mantida por povos originários na Amazônia, foi um dos selecionados para receber investimento do PPBio. A atividade de etnoturismo do Povo Paiter Suruí visa diversificar a renda das comunidades indígenas envolvidas e presentes na Terra Indígena Sete de Setembro.