Redação Planeta Amazônia
A culinária acreana é um reflexo vivo da diversidade de povos que ajudaram a formar o Estado — e o quibe de macaxeira é um dos exemplos mais saborosos dessa mistura. Releitura criativa do tradicional kibe árabe, o prato une saberes indígenas, influências sírio-libanesas e a inventividade nordestina, transformando-se em patrimônio culinário regional.
Trazido ao Acre por famílias sírio-libanesas durante o ciclo da borracha, o kibe ganhou nova identidade ao incorporar a macaxeira — raiz cultivada há séculos pelos povos originários da Amazônia. Conhecida também como mandioca, aipim ou maniva, a macaxeira é base da alimentação no Norte do Brasil e permite uma infinidade de preparos, doces e salgados.
No caso do quibe, a massa é feita com a raiz cozida e amassada, recheada com carne moída e frita até ficar dourada. Encontrado em bares, cafés, mercados e até em vendas ambulantes, o quitute conquistou o paladar dos acreanos e visitantes.

No Mercado do Bosque, em Rio Branco, o quibe de macaxeira é destaque absoluto. O salgadeiro Elildo Ferreira, com 27 anos de experiência, explica o processo: “Você higieniza bem a raiz, cozinha, amassa, tempera com sal, tira os talinhos e recheia com carne moída. Depois é só fritar em óleo bem quente.” Segundo ele, os quibes de macaxeira e de arroz são os mais vendidos no local.
Acompanhado de molho de pimenta com tucupi, o prato ganha ainda mais personalidade, reforçando os sabores amazônicos.

Para o historiador José Wilson Aguiar, o quibe de macaxeira é resultado direto da miscigenação cultural que formou o Acre. “Sírio-libaneses, turcos, índios, nordestinos, negros… essa mistura originou o nosso quibe, assim como outras comidas. O Acre é um pedaço do Ceará, um pedaço do Brasil”, afirma.
Festival da Macaxeira valoriza produção local
O quibe de macaxeira será uma das atrações do 2º Festival da Macaxeira: da agricultura familiar ao agronegócio, que acontece de 26 a 28 de setembro no Horto Florestal. Com novo formato e foco na valorização da cultura regional, o evento contará com apresentações artísticas exclusivamente locais, além de palestras e oficinas voltadas aos produtores rurais.

A programação inclui temas ligados a cadeias produtivas como mandioca, café e milho, com atividades diurnas e noturnas para garantir maior participação popular.

