Redação Planeta Amazônia
A Mata Atlântica é um bioma de floresta tropical que corre 17 estados da costa leste, nordeste, sudeste e sul do Brasil, leste do Paraguai e a província de Misiones, na Argentina. Possui uma área de 200.205 km², sendo considerado uma área rica de espécies e plantas endêmicas, que ocorrem exclusivamente dentro do bioma.
Porém o bioma, enfrenta uma das maiores ameaças, a fragmentação do seu habitat, que acontece com o isolamento de manchas de floresta, onde a biodiversidade fica isolada em pequenas populações. É estimado que mais de 80% da Mata Atlântica seja constituída hoje de fragmentos de floresta com menos de 50 hectares.
A fragmentação é influenciada com os plantios como cana-de-açúcar, ou pastagens para pecuária, tendem a afetar a estrutura dos fragmentos de floresta do bioma, ameaçando a biodiversidade.
Diante disso, espécies de sapos da Mata Atlântica têm apresentado redução significativa da sua área de ocorrência. Uma dessas espécies é o Scinax caldarum, pequena espécie de perereca que hoje ocorre exclusivamente em Poços de Caldas e Caldas, em Minas Gerais, mas que já teve suas populações se estendendo por todo o sul do estado.
O artigo científico publicado no Journal of Herpetology, periódico científico editado pela Associação Britânica de Herpetologia (ciência que estudo anfíbios e répteis), fala que os múltiplos fatores tem causado os declínios populacionais para esta espécie, como maior uso de agrotóxicos, cultivos agrícolas e mudanças climáticas.
As mudanças climáticas são uma das grandes ameaças a biodiversidade global, principalmente os anfíbios, que são animais muito sensíveis a qualquer perturbação de seu ambiente, de acordo com relatórios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Um artigo científico publicado na renomada Conservation Biology, descobriu que a existência de mais uma ameaça que tem impactado a biodiversidade da Mata Atlântica. Analisando a dinâmica populacional de uma espécie de rã ameaçada de extinção, a Hylodes sazimai, encontradas nos riachos encachoeirados nos municípios de Areado, Poços de Caldas e Caldas, no sul de Minas Gerais e Campinas, no estado de São Paulo.
Rãs da Mata Atlântica são afetadas pelo desmatamento da Amazônia. Foto: Reprodução
Os pesquisadores verificaram que em anos de pouca chuva a espécie apresentava baixa atividade dos indivíduos, o que impactava diretamente o recrutamento de novos indivíduos na população devido à baixa atividade na estação reprodutiva. O artigo também mostrou a dinâmica das espécies da Mata Atlântica são dependentes do ciclo hidrológico propiciado pelo Oceano Atlântico e pela Floresta Amazônica, os chamados “rios voadores”.
Revelou que as quatro populações de Hylodes sazimai conhecidas apresentavam diferenças morfológicas geradas pela variação do clima em cada localidade de ocorrência. Além de apontar que determinadas populações da pequena rã têm se adaptado evolutivamente às variações climáticas nas localidades em que ocorrem, o estudo também apontou que o tempo necessário para adaptação da espécie precisaria ser muito maior, em que a espécie pode sofrer uma extinção em curto prazo devido as mudanças climáticas já em curso.
Os dados foram preocupantes onde fala que a formação de uma célula de instabilidade climática sobre o Sudeste do país, o que tende afetar a biodiversidade, agricultura e até mesmo o abastecimento humano. Esses resultados foram dados de imagens de satélite da NASA de mais de 15 anos para verificar o fluxo de chuvas em cada localidade de ocorrência da rã, o que mostrou que o ciclo hidrológico que abastece o Sul e Sudeste do país está ameaçado pelo avanço de desmatamento na Amazônia.
O estudo demonstra que as áreas na Amazônia que concentraram desmatamento e degradação ambiental, como o “arco do desmatamento amazônico” e o estado do Pará, já exportam menor quantidade de água pelos “rios voadores amazônicos” que são responsáveis por parte das chuvas que abastecem parte da Mata Atlântica.