RDS do Rio Iratapuru se torna primeira unidade estadual do Brasil na Lista Verde da UICN

Redação Planeta Amazônia


A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Iratapuru, situada no município de Laranjal do Jari, no Sul do Amapá, alcançou um marco inédito ao ser certificada no Programa Lista Verde da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Trata-se da primeira unidade de conservação de gestão estadual do Brasil a integrar a lista, reconhecida mundialmente por altos padrões socioambientais e de governança participativa.

O reconhecimento celebra a excelência da gestão da RDS, que combina conservação da biodiversidade, transparência, participação das comunidades e geração de benefícios socioeconômicos. Para obter a certificação, a unidade passou por uma avaliação rigorosa de indicadores, análise de evidências e validação conduzida por um grupo independente de especialistas.

foto: Divulgação Sema

No Amapá, o processo foi liderado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), por meio da Coordenadoria de Gestão de Unidades de Conservação e Biodiversidade (CGUCBio), em parceria com comunidades locais, organizações sociais como a Comaru e a Bio-Rio, além de instituições públicas e privadas. A preparação envolveu a organização de documentos, visitas técnicas e diálogo permanente com o Grupo de Especialistas EAGL Brasil e com a UICN.

A secretária de Meio Ambiente, Taisa Mendonça, destacou que a conquista reforça o protagonismo do estado na agenda socioambiental. Segundo ela, a certificação coloca o Amapá em posição de destaque global ao demonstrar a possibilidade de conciliar desenvolvimento com o uso responsável dos recursos naturais.

O reconhecimento internacional consolida o Amapá como referência em conservação da Amazônia, integrando proteção florestal, uso sustentável e valorização da sociobiodiversidade. A certificação também amplia o potencial de atrair investimentos, parcerias e cooperações técnicas, além de servir de modelo para outras áreas protegidas do país. Na RDS, o manejo da castanha-do-Brasil é a principal atividade produtiva, símbolo do equilíbrio entre economia local e conservação ambiental.

Para o coordenador da CGUCBio, Euryandro Costa, o processo de certificação representou um momento de aprimoramento técnico e político. Ele destaca que a avaliação permitiu identificar fortalezas, organizar desafios e fortalecer a governança junto às comunidades, protagonistas da gestão territorial e referência no manejo da castanha-do-Brasil.

Com a certificação, a RDS entra em uma nova etapa de compromisso com padrões ainda mais elevados de gestão. Para o Amapá, a conquista reafirma a liderança ambiental do estado; para a Amazônia, demonstra que é possível integrar conservação, justiça social e desenvolvimento sustentável.

foto: Israel Cardoso_GEA

Criada em 1997, a RDS do Rio Iratapuru possui cerca de 806 mil hectares e abrange os municípios de Laranjal do Jari, Pedra Branca do Amapari e Mazagão. Gerida pela Sema e por um conselho gestor paritário, a unidade tem como missão conservar a biodiversidade e promover o uso sustentável dos recursos naturais. Integra um mosaico de áreas protegidas que inclui a Flota do Amapá, a Estação Ecológica do Jari e a Terra Indígena Wajãpi.

A unidade também se destaca pelo extrativismo tradicional, com ênfase na castanha-do-Brasil e no breu-branco, este último envolvido em um contrato pioneiro de repartição de benefícios com a empresa Natura. Desde 2012, a RDS integra o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) e, desde 2019, realiza monitoramento da fauna e da flora por meio do Programa Monitora, acompanhando borboletas, mamíferos, aves e espécies arbóreas, em uma combinação de ciência e participação comunitária.

By emprezaz

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