Redação Planeta Amazônia
A primeira quinzena de janeiro de 2024 deu indícios de que o ano na agenda ambiental deve manter-se pautado por assuntos que deram o tom em 2023, entre o principal deles, as mudanças climáticas.
Os efeitos dessas mudanças e dos desastres causados pela ação humana, desde a virada do ano, estampam o noticiário – como a recente tragédia vivida no Rio de Janeiro. E se em 2023, o calor registrado no mundo foi o maior dos últimos 100 anos, segundo estudo da ONU, 2024 poderá ser ainda maior. Ou seja, o debate sobre as causas do aquecimento global e seus impactos vai permanecer no centro das atenções. A 19ª edição do relatório World Economic Forum (WEF) 2024, aponta que a questão climática é classificada como o fator principal de risco e mais provável de apresentar uma crise material em escala global.
De acordo com Antonio Borges, CEO de uma empresa fornecedora de serviços que transforma ecossistemas, além da luta para a diminuição drástica da emissão dos gases do efeito estufa, a queda na devastação dos biomas também tem de ser evidenciada. Por exemplo, em 2023 houve uma redução da área desmatada na Amazônia, que caiu 49,9% na comparação com 2022, em contrapartida, houve aumento de 43% no desmatamento do Cerrado, para o mesmo período, segundo dados do sistema Deter-B, do Inpe.
Para Antonio, assistimos a priorização de ações, assim como, o direcionamento de recursos para a Amazônia, mas não podemos nos esquecer dos demais biomas brasileiros. “O Cerrado é nosso 2º maior bioma, a Mata Atlântica é nosso bioma mais devastado e abriga a maior fatia da população brasileira, a Caatinga tem muito a nos ensinar sobre resistência à baixa disponibilidade hídrica, o Pantanal é a maior planície de inundação contínua do mundo, o Pampa é nosso bioma que tem as maiores oscilações de temperatura no nosso país, com calor no verão e um inverno rigoroso, todos esses biomas precisam de atenção nacional e internacional”, comenta.
Para ele, nosso país é um dos mais importantes quando se fala na agenda ambiental no mundo. E dentro desse aspecto, as florestas são muitas vezes vistas como um grande salvador da humanidade e um monumento quase intocável. “Porém, 2024 deveria inspirar que empresas e órgãos públicos foquem na criação de um novo conceito de florestas: as Florestas Indústria”, complementa.
Segundo ele, a ideia é de que a floresta seja vista como um ecossistema que gera serviços para a comunidade em que está inserida e ao seu redor. “Por exemplo, crédito de biodiversidade, créditos de carbono, melhorias da água, melhoria do solo, regulação térmica, dentre vários outros aspectos, não sendo enxergada só como um monumento, se tornando uma indústria, que gera transformação, renda e benefícios ecológicos”, reforça.
O executivo comenta que o diálogo ambiental exige discussões mais profundas, e a criação de novos termos e conceitos são sempre bem vindos. “Ainda mais quando apontam para uma solução que une resultados para mais de um dos problemas da sociedade, neste caso, da preservação do meio ambiente, da compensação ambiental e, também, do enfrentamento à desigualdade social”, finaliza.