Relatório GEO Brasil 2025 aponta impactos ambientais críticos e desafios para políticas públicas

Redação Planeta Amazônia

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima lança nesta terça-feira (18), às 15h, o relatório GEO Brasil 2025: Estado e Perspectivas do Meio Ambiente. A produção conta com apoio técnico e financeiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), coordenação executiva da Fundação Getulio Vargas (FGV) e colaboração do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O documento reúne dados inéditos e análises científicas que mapeiam desafios e oportunidades na agenda ambiental brasileira, servindo de base para políticas públicas e negociações internacionais.

Entre os principais achados, o relatório mostra que os gastos federais com meio ambiente representaram apenas 0,26% do orçamento nacional entre 2001 e 2022. O estudo aponta ainda que cerca de 30% dos municípios não possuem infraestrutura básica de gestão ambiental e que biomas como Pantanal e Cerrado registraram aumentos históricos de temperatura, chegando a 3 °C e 4 °C acima do normal, respectivamente. A poluição do ar provoca cerca de 51 mil mortes prematuras por ano, enquanto apenas 52,2% do esgoto gerado no país é tratado — índice que cai para menos de 20% na região Norte.

O relatório também evidencia a expansão agropecuária sobre ecossistemas nativos, que passou de 187,3 milhões para 282,5 milhões de hectares entre 1985 e 2022. No mesmo período, a comercialização de agrotóxicos cresceu 108%. Apesar de o Brasil ser líder global em energia renovável, o setor se tornou mais dependente de carbono: sua participação nas emissões totais subiu de 11,3% para 18,3% entre 2002 e 2023.

O relatório também evidencia a expansão agropecuária sobre ecossistemas nativos, que passou de 187,3 milhões para 282,5 milhões de hectares entre 1985 e 2022/foto: Rick Oliveira

Baseado na metodologia DPSIR (Forças Motrizes, Pressões, Estado, Impacto e Respostas), utilizada pelo PNUMA, o GEO Brasil 2025 apresenta um diagnóstico integrado das relações entre sistemas sociais e ambientais. O documento aponta desafios persistentes, emergentes e oportunidades estratégicas para a transição rumo a uma economia sustentável. A publicação busca fortalecer a governança ambiental, orientar políticas públicas e subsidiar acordos internacionais.

A ministra Marina Silva afirma que o relatório reflete a urgência da agenda ambiental no país. “O documento mostra os conflitos e as oportunidades de um mundo que caminha para enfrentar os desafios da transformação ecológica, e que precisa garantir um futuro de baixo carbono, resiliente e eficiente”, declarou.

Para José Antônio Puppim, pesquisador da FGV EAESP e coordenador do centro FGV Earth, o relatório é um chamado à ação. “O documento mostra, com base científica, onde estamos e quais caminhos precisamos seguir para integrar desenvolvimento econômico e proteção ambiental. Essa visão é essencial para que o Brasil cumpra suas metas climáticas”, afirmou.

Beatriz Martins Carneiro, representante interina do PNUMA no Brasil, destaca que o estudo alerta para os impactos crescentes da combinação entre mudanças climáticas e desmatamento sobre a segurança hídrica. Ela lembra que a demanda por água deve saltar de 188,7 m³/s em 1970 para 1.553,5 m³/s em 2040. “São dados como esses que ressaltam a urgência de fortalecer a gestão integrada dos recursos naturais”, disse.

By emprezaz

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