Redação Planeta Amazônia
O Governo de Roraima deu início à segunda etapa do Projeto de Grãos com o cultivo direto de feijão-caupi na Comunidade do Jabuti, localizada no município de Bonfim. A iniciativa, que já obteve sucesso com a produção de milho verde na agricultura familiar e indígena, agora aposta na diversificação das culturas para ampliar a segurança alimentar e a geração de renda.
A nova safra está sendo conduzida por produtores locais com apoio técnico do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Iater). O plantio ocorre na mesma área anteriormente utilizada para o milho, aproveitando os nutrientes residuais do solo e utilizando apenas o maquinário agrícola, sem necessidade de nova aplicação de insumos como calcário e NPK.

Com três hectares de área cultivada, a expectativa é colher cerca de 120 sacas de feijão, beneficiando diretamente 22 famílias indígenas da etnia Macuxi. Segundo o governador Antonio Denarium, o projeto representa um marco na agricultura indígena. “É um programa inédito no Brasil e um case de sucesso. A cada ano ampliamos o apoio às comunidades, fortalecendo a produção local e gerando renda extra para as famílias”, afirmou.
Desde sua implantação, o Projeto de Grãos já contemplou 270 hectares em sete comunidades indígenas de Bonfim. Só na Comunidade do Jabuti, foram cultivados 90 hectares distribuídos em nove polos. O coordenador local, Feliciano de Souza, relembra que o milho produzido foi comercializado por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), com destino ao Mesa Brasil, iniciativa do Sesc voltada à segurança alimentar. Os recursos foram utilizados na manutenção do maquinário da comunidade.
“Agora temos feijão também. Aprendemos a adubar, a plantar, e queremos expandir ainda mais. Esse trabalho do Governo tem feito a diferença”, destacou Feliciano.


Rotatividade de culturas e sustentabilidade
A coordenadora do Iater, Jainy Magalhães, mestre em engenharia agrícola, explicou que a escolha pelo feijão-caupi segue a lógica da rotatividade de culturas, prática que contribui para o controle de pragas e doenças, além de melhorar a produtividade futura do milho.
“Com essa alternância, conseguimos reduzir os impactos negativos no solo e aumentar o rendimento das safras seguintes. Além do feijão, temos projetos com café, macaxeira, capim curumim e capim canará nas áreas remanescentes”, pontuou.


A chefe da unidade local da Coordenação Regional 3, Nilcilene Blanco, reforçou que o sucesso do milho motivou os próprios produtores a buscar novas culturas. “Eles estão mostrando que podem fazer a diferença na produção agrícola. A expectativa é de alta produtividade também com o feijão”, disse.
Com resultados promissores e reconhecimento nacional, o Projeto de Grãos se consolida como modelo de inclusão produtiva e desenvolvimento sustentável para comunidades indígenas de Roraima.