Redação Planeta Amazônia
Na última semana, o Serrapilheira divulgou sua primeira nota técnica, que aponta que as chuvas das Terras Indígenas da Amazônia contribuem para 57% da renda agropecuária do Brasil. O levantamento foi feito por um grupo de pesquisa em ecologia tropical que criamos no início de 2024. Ele mostra, a partir do cruzamento e análise de diversos dados, como os do MapBiomas, IBGE e Funai, que a degradação ambiental nas Terras Indígenas pode comprometer R$ 338 bilhões da economia nacional.
A influência dos rios voadores já era conhecida da ciência. O que o grupo fez foi usar dados disponíveis desde 2020 para quantificar de fato essa influência – não só do ponto de vista da água, mas também da economia, em uma abordagem interdisciplinar. Ou seja, mais do que mapear as chuvas que atingem as áreas de agropecuária, convertemos esse dado em valores econômicos.
Essa análise complexa de dados só foi possível a partir da junção de cientistas com expertises diferentes. O grupo inclui pesquisadores da hidrologia, biodiversidade, ecologia, ecologia humana, matemática, clima, arqueologia, antropologia, políticas públicas, economia e comunicação. É uma ciência sofisticada, que traz uma leitura mais completa do impacto das TIs na economia e ajuda a embasar o debate público que acontece neste momento sobre demarcação de Terras Indígenas.
A nota técnica é assinada pelos cientistas Caio Mattos, Marina Hirota, Paulo N. Bernardino, Bruna Stein, Gabriela Prestes Carneiro, Julia Tavares, Adriane Esquivel-Muelbert, Silvio Barreto, André Braga Junqueira e Arie Staal. Além disso, ela é endossada por Carlos Nobre, Paulo Artaxo, Manuela Carneiro da Cunha, Ronaldo Seroa da Motta e Mercedes Bustamante.