Redação Planeta Amazônia
Em entrevista à principal agência de notícias italiana, a ANSA (Agenzia Nazionale Stampa Associata – Sociedade Cooperativa), o vice-presidente da Comissão Europeia, o socialista holandês Frans Timmermans, comissário de Ação Climática do bloco, alertou ao término de sua viagem pelo Brasil, Colômbia e México, que a União Europeia deve construir uma aliança com o presidente Lula para tentar salvar a Amazônia e interromper o desmatamento na região, que no último ano teve o maior registro em 15 anos.
“Se continuarmos nesse ritmo, chegará o momento – não muito distante – em que a Amazônia começará a se transformar em uma savana. Precisamos fazer de tudo para evitá-lo e colaborar, de modo mais intenso, com os países interessados: está em jogo o pulmão do planeta”disse Timmermans.
O vice-presidente da Comissão Europeia coloca que o governo Bolsonaro complicou a situação do desmatamento na Amazônia, “mas o empenho do presidente Lula para colocar fim à destruição da floresta e oferecer oportunidade melhor às pessoas” que vivem e trabalham “tem uma importância política enorme”, acrescentou.
Frans destaca que o presidente Lula precisa de apoio e que necessita de esforços e ajuda para unir forças com as outras nações que abrigam sua floresta tropical (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname) em uma Conferência sobre a Amazônia, que provavelmente será realizada no início de maio. “A UE deve se empenhar com os países latino-americanos sobre o desmatamento e para salvaguardar a biodiversidade”, afirmou o vice-presidente.
“Nestes 10 dias de viagem pelo Brasil, Colômbia e México, pude ver uma incrível riqueza natural, mas também toda a sua vulnerabilidade. Protegê-la é uma responsabilidade global. As crises da biodiversidade e das mudanças climáticas são profundamente ligadas e, se há um lugar onde isso se vê com clareza, é aqui mesmo”, declarou Timmermans.
Timmermans também analisa a possibilidade de colaborações em energia limpa, do hidrogênio verde à energia eólica, solar, com investimentos e know-how europeu, por meio de um “mais intenso e concreto” intercâmbio com os governos latino-americanos. Mas as políticas de combate ao desmatamento na América do Sul também andam de mãos dadas com a possibilidade de destravar o acordo comercial UE-Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), paralisado por quatro anos, depois de 20 de negociações.
“Espero muito que aqueles que ainda têm dúvidas na Europa percebam que há um compromisso sincero de nossos parceiros na Amazônia e que isso tire as últimas hesitações. Precisamos desse entendimento o quanto antes. Devemos criar as bases para um acordo comercial que não seja de livre comércio, mas justo e sustentável”, finalizou.