Um encontro previsto para acontecer neste sábado, 10, na sede do Kaxinawa, no centro de Rio Branco, no Acre, pretende reunir várias línguas e gestos da cultura indígena acreana, dando valor e visibilidade a cultura, aos cantos e encantos dos talentos dos povos indígenas Machineri, Shanenawa, Kaxinawá e Ashaninka. Vários projetos serão apresentados durante o evento, no período das 10h às 18h.
Apoiados pelo Fundo Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, as oficinas e exposição de artesanato Huni Kuin, apresentação de contos e encantos, contações de história, o evento tem a iniciativa da Sitoakore – Organização das Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia, e Prefeitura Municipal de Rio Branco.
De acordo com a presidente da Sitoakore no Acre, Nedina Yawanawa, além de indígenas, pessoas não indígenas estão convidadas para participarem da vasta programação, que trará apresentações musicais com as jovens indígenas Panani Yawanawá, Eriya Luiza Pinhanta. Dessa maneira, pretende-se fortalecer as práticas musicais das etnias Yawanawá e Ashaninka como parte de tradições culturais milenares, transmitidas ao longo de gerações. Trata-se de um trabalho de revitalização e valorização realizado pelas jovens indígenas, que contribui tanto para que os saberes tradicionais não sejam silenciados e apagados, quanto para que sejam conhecidos por todos os povos indígenas e não-indígenas.
Um dos pontos altos do evento será a produção de Kusmas, que na sequência serão expostas no espaço Kaxinawá. Kusma são vestes tradicionais do povo Ashaninka, feito em algodão e tingido com pigmentos orgânicos extraídos de plantas e raízes coletados na floresta. As Kusmas representam aspectos tradicionais desta cultura, repassados oralmente entre as gerações, que serão fortalecidos, valorização e divulgados a partir deste projeto.
“Como resultados, pretendemos oportunizar que não-indígenas e indígenas residentes em Rio Branco tenham acesso a esta exposição, conhecendo os Kusmas, contribuindo para sua difusão e valorização tanto para que jovens indígenas conheçam, se interessem e aprendam, de forma a não permitir que se percam no tempo, como para o diálogo entre a cultura indígena e a sociedade, que terá a oportunidade de conhecer e apreciar as peças”, comentou Nedina.
No momento das contações de histórias, “Os mitos e lendas Shanenawa”, serão apresentados por Eldo Shanenawa e uma convidada indígena. Durante a oficina serão compartilhadas histórias da migração, lendas, mitos, nascimento e sobre o surgimento dos Shanenawa, além de duas receitas de alimentos tradicionais desse povo.
Como resultados, pretende-se fortalecer fazeres e saberes dos povos indígenas Shanenawá transmitidos milenarmente através da oralidade de geração a geração, com o intuito de fazer conhecer, registrar e divulgar para outros indígenas que não são Shanenawa e não-indígenas, para que não corram riscos de esquecimento e a importância que esses conhecimentos significam para a cultura dos povos originários. Também será ministrada uma oficina de artesanato Huni Kuin em miçangas, a partir de técnicas e saberes ancestrais repassados oralmente entre as gerações dessa etnia, que serão fortalecidos, valorizados e difundidos a partir deste projeto.
A ideia é, ainda, alcançar jovens indígenas desaldeados para que conheçam, se interessem e aprendam este fazer, de forma a promover o diálogo entre a cultura indígena e a sociedade, que terá a oportunidade de conhecer a confecção e o significado das peças. A confecção de cinquenta peças de artesanatos Shanenawá oportunizará aos presentes o acesso ao fazer desta ação cultural. “Promover e divulgar o artesanato Shanenawá, em sua ampla riqueza cultural e ancestral, contribuindo para sua difusão e valorização, de que as práticas e saberes tradicionais não se percam no tempo”, concluiu a presidente do Sitoakore.