Ila Caira Verus
Uma nova Conferência do Clima das Nações Unidas iniciou em Sharm el-Sheikh, no Egito. A COP27 deve unir representantes oficiais de governos e da sociedade civil para discutir maneiras para enfrentar e se adaptar às mudanças climáticas. O evento anual que acontece desde 1995. Este ano, vai ser de 6 a 18 de novembro.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse nesta segunda-feira (7), que é necessário trabalhar juntos agora para reduzir as emissões ou condenar as gerações futuras a catástrofe climática. “A humanidade tem uma escolha: cooperar ou perecer”, disse Guterres.
Guterres cobrou um pacto entre os países mais ricos e mais pobres do mundo para acelerar a transição dos combustíveis fósseis e a entrega do financiamento necessário para garantir que os países mais pobres possam reduzir as emissões e lidar com os impactos inevitáveis do aquecimento que já ocorreu.
Brasil na COP
Durante a COP 26, ano de 2021, o Brasil anunciou o compromisso de diminuir 50% da emissão de gases do efeito estufa, até o ano de 2030. No documento apresentado, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) assumiu algumas metas:
- Reduzir o desmatamento ilegal em 15%, por ano, até 2024, e 40% em 2025 e 2026, e em 50% em 2027. A meta é zerar o desmatamento ilegal até o ano de 2028;
- Até 2030 restaurar e reflorestar 18 milhões de hectares de florestas e recuperar outros 30 milhões de hectares de pastagens degradadas.
- O Brasil também se comprometeu em alcançar até 2013 uma participação estimada entre 45% e 50% de energias renováveis em sua matriz energética.
Diante do compromisso firmado na conferência do ano passado, o Brasil dispõe de pontos críticos como as queimadas que ocorrem na Amazônia. Nos últimos anos, a devastação só aumentou. Em 2022, o acumulado até setembro foi de 9.069 km², o que corresponde a quase oito vezes a cidade do Rio de Janeiro. A maior em 15 anos, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Representantes do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, formado pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, definiram o posicionamento que será tomado na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), bem como, os temas que serão pontuados em reação ao meio ambiente e ao desenvolvimento socioeconômico. As temáticas decididas foram:
- Medidas de prevenção e controle do desmatamento e incêndios florestais;
- Políticas de clima;
- Adaptação e mudanças climáticas;
- Financiamento climático;
- Mercado de carbono e recursos para fortalecer as políticas estaduais;
- Políticas de produção sustentável e fortalecimento da bioeconomia;
- Conservação e restauração florestal/biodiversidade; e
- Salvaguardas socioambientais.
Os estados são autônomos e possuem suas particularidades e políticas próprias, mas os temas foram um consenso e fruto do diálogo entre as organizações parceiras do bloco econômico e dos estados. Sendo a COP27 uma oportunidade de alinharem o fortalecimento das políticas para a região.
Acre na COP27
O Acre estará na COP27 com uma comitiva de especialistas comandada pelo governador, Gladson Cameli. Na ocasião, o estado do Acre apresentará resultados da Fase I e as em execução da Fase II, do Programa REM Acre, que tem 10 anos, onde o estado assume o compromisso de reduzir o desmatamento, cuidar de sua biodiversidade e de suas populações, sendo o pioneiro através de uma de cooperação financeira entre o Estado do Acre e a Alemanha e Reino Unido.
O governo do Acre também pretende solicitação da prorrogação da Fase II do programa, que deveria encerrar em 2023, mas que foi muito prejudicada durante período de pandemia, quando a maioria dos projetos junto às comunidades rurais e indígenas foram suspensos. Se confirmado a prorrogação, o projeto deve ser ampliado até 2025.
A participação do Estado do Acre na COP27 é uma oportunidade de contatos, negócios e atração de parceiros para novos investimentos nas políticas de sustentabilidade no estado do Acre.
“Nosso maior desafio é reduzir o desmatamento ilegal e ampliar os projetos que levam melhoria de vida a milhares de produtores rurais, extrativistas, ribeirinhos e povos indígenas em todo o Acre”, disse Gladson Cameli.
Créditos
FOTO DESTAQUE: STRINGER / AFP