Por redação do Planeta Amazônia
A Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes tem uma área de 970.570 hectares no estado do Acre. A unidade de conservação federal no Acre liderou o ranking entre julho e setembro deste ano dos 10 territórios protegidos sob maior pressão pelo desmatamento na Amazônia.
Os dados são do levantamento trimestral “Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas”, publicado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Com uma metodologia que analisa o número de ocorrências de derrubada da floresta, e não a área total desmatada, esse estudo mostra quais territórios protegidos podem vir a ser os mais desmatados. E, consequentemente, os que precisam de ações urgentes para evitar o avanço da destruição.
A pesquisa também diferencia as áreas protegidas que tiveram mais ocorrências de desmatamento dentro dos seus territórios, o que é classificado como pressão, das que tiveram mais ocorrências ao redor, a até 10 km², o que é classificado como ameaça.
No caso do avanço da derrubada sobre os territórios, apesar do Acre ser o segundo menor estado da Amazônia Legal, possui duas áreas protegidas entre as 10 mais pressionadas. Além da líder Resex Chico Mendes, que já havia aparecido em terceiro lugar no ranking do mesmo período no ano passado, agora o Parque Nacional (Parna) da Serra do Divisor também entrou na lista.
“O Acre vem se sobressaindo a outros estados da Amazônia em relação ao desmatamento e esse avanço ocorre não apenas em imóveis privados, mas também em áreas protegidas. A causa pode estar na concretização de obras de infraestrutura, como a construção de estradas, que facilitam o acesso às áreas de floresta”, afirma Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Áreas protegidas mais pressionadas
1ª Resex Chico Mendes (AC)
2ª APA Triunfo do Xingu (PA)
3ª TI Apyterewa (PA)
4ª APA do Lago de Tucuruí (PA)
5ª APA do Tapajós (PA)
6ª TI Cachoeira Seca do Iriri (PA)
7ª Flona do Jamanxim (PA)
8ª Parna da Serra do Divisor (AC)
9ª APA Arquipélago do Marajó (PA)
10ª Resex Jaci Paraná (RO)
Pressão no Pará
No Pará ficam sete das 10 áreas protegidas mais pressionadas pelo desmatamento, o problema atinge tanto terras indígenas quanto unidades de conservação federais e estaduais. Entre as terras indígenas, a mais pressionada foi a Apyterewa, que já havia aparecido no topo do ranking do mesmo período em 2021. Ou seja, é o território indígena que vem se mantendo como o mais pressionado da Amazônia.
“A maior parte das áreas protegidas mais pressionadas no estado estão nas regiões Sudoeste e Sudeste, compostas por municípios onde o desmatamento avançou em ritmo acelerado nos últimos anos, como Altamira e São Félix do Xingu. Essas regiões têm seus municípios constantemente entre os que mais derrubam a floresta amazônica, principalmente por causa da expansão da agropecuária, o que nosso estudo mostra estar pressionando também os territórios protegidos”, explica a pesquisadora do Imazon Bianca Santos.