Por Ila Verus
A rica biodiversidade no território amazônico desperta o interesse de todo o planeta. A paleontologia, ciência que estuda as formas de vida existentes em períodos geológicos passados, a partir dos seus fósseis, ajuda a entender um pouco mais sobre a história da região.
Apesar da ciência dos fósseis está fortemente ligada aos dinossauros, ela vai além, ajuda a conhecermos melhor outros seres vivos, entre eles a própria evolução humana.
A paleontologia vem crescendo no Brasil. Os profissionais brasileiros na escavação e estudo dos fósseis conquistam cada vez mais respeito no mundo, uma vez que as descobertas feitas no país são de grande relevância.
Amazônia, terra de gigantes
Preguiças, jabutis e jacarés gigantes são alguns dos animais que habitavam a Amazônia milhares de anos atrás. Há aproximadamente 15 milhões de anos, existiu um mega pantanal no norte da América do Sul, que cobriu partes dos atuais territórios de Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela. Esse pantanal é conhecido como sistema Pebas e sua formação se deu ao longo do período Mioceno (23-5 milhões de anos). Nessa época, a cordilheira andina estava começando a se formar.
Um ambiente propício para animais como o Purussaurus brasiliensis, que viveu na Amazônia há mais de 8 milhões de anos, o maior crocodilo do mundo já registrado. Podia chegar a mais de 12 metros.
A capital do estado do Acre, Rio Branco, possui um laboratório de paleontologia que reúne mais de 5 mil peças de fósseis catalogadas de animais que viveram entre 5 e 8 milhões de anos na região amazônica. O laboratório fica na Universidade Federal do estado é tem entre seu acervo crânio de um Purussauro e o fóssil de um Jabuti Gigante.
Além de um laboratório equipado, o estado tem profissionais que há anos fazem pesquisas na área. É o caso do professor graduado em geografia pela Universidade Federal do Acre, doutor em paleontologia Jonas Pereira de Souza Filho. O professor Jonas, como é conhecido, ingressou na área da paleontologia no ano de 1984 para fazer o mestrado e não parou mais. Dedicou parte da vida a pesquisa sobre o passado da Amazônia.
Professor na análises de fósseis
“Eu, ao longo de minha vida profissional, tive o prazer e o privilégio de conhecer, estudar e divulgar o passado geo-paleontológico de um dos lugares mais belos do mundo, a Amazônia. Fazer Paleontologia na Amazônia é viver uma grande aventura. Eu vivi essa aventura”, disse o professor Jonas.
O paleontólogo nascido em Rio Branco, atualmente, tem 63 anos e resolveu se aposentar das funções acadêmicas. Mas sua paixão pela Amazônia e pela pesquisa continuam. Agora, de uma outra maneira. O professor Jonas vai se dedicar a repassar toda a sua experiência com publicações de artigos. Terá um espaço cativo aqui no planetaamazonia.com. Afinal, se o mundo precisa conhecer melhor a Amazônia, é necessário entender também o seu passado.
Fósseis no laboratório da UFAC
“A paleontologia é a ciência que estuda as formas de vida (plantas e animais) que existiram em períodos geológicos passados, a partir dos fósseis. A paleontologia é uma ciência fascinante”, finaliza o professor.
O paleontólogo, que agora está aposentado das atribuições burocráticas do ensino superior, fala que está focado em suas realizações com as pesquisas científicas, bem como a produção de textos para continuar sua contribuição na área. ” Minha aposentadoria, no ano de 2021, não representa o meu afastamento dos estudos e das pesquisas paleontológicas. Apenas me afastei um pouco das formalidades burocráticas que uma Instituição de ensino requer. Continuo integrado a vários grupos de pesquisadores, realizando coletas, escrevendo textos/artigos e produzindo cientificamente”, disse Jonas.
Jonas explica que os estudo da paleontologia na Amazônia são fundamentais para entender os processos evolutivos do local, além de despertarem o interesse nacional e internacional sobre a geologia e a paleo-biologia da região. “A paleontologia na Amazônia tem contribuído para o entendimento dos processos evolutivos que resultaram na formação das paisagens e da biodiversidade atuais”, finalizou.