Da redação do Planeta Amazônia
Com o tema “Financiamento Climático: O papel da cooperação internacional para o desenvolvimento de baixas emissões na Amazônia”, o Hub Amazônia Legal, em Sharm El-Sheikh, no Egito, foi palco do primeiro painel da programação desta semana da COP27, a Conferência do Clima da ONU. O painel foi moderado por Rosa Lemos de Sá, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e Victor Salviati, da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).
O painel foi aberto pelo governador do Pará, Helder Barbalho, que representou o governador do Amapá, Waldez Góes, presidente do Consórcio Interestadual Amazônia Legal. Barbalho agradeceu a oportunidade de iniciar o debate, a presença de autoridades do Brasil e de outros países, e também dos representantes de comunidades tradicionais e indígenas.
Segundo Barbalho, o momento é de agir para “convocar os países que dialogam conosco” para unir esforços no combate às irregularidades ambientais e para a implantação de políticas de sustentabilidade. “A Amazônia não pode ser um problema. Temos de assegurar que ela seja a solução para o Brasil, para o planeta e, acima de tudo, para o equilíbrio entre as pessoas e as florestas.”
Entre os governadores dos nove Estados que formam o Consórcio Amazônia Legal, o painel contou com a participação de Gladson Cameli (Acre), Mauro Mendes (Mato Grosso), Wanderlei Barbosa (Tocantins) e Marcos Rocha (Rondônia). “Todos nós queremos ver a floresta em pé, mas queremos que isso aconteça de forma sustentável para todos, gerando emprego e renda para quem vive nela. Esses recursos de fundos climáticos contribuem não somente para alavancar a nossa economia, mas leva melhoria de qualidade de vida a milhares de famílias”, destacou Cameli, governador do Acre.
O painel foi dividido em dois blocos. No primeiro, representantes da ONU, Noruega, Alemanha, Reino Unido e União Europeia falaram sobre a importância de mecanismos de financiamento que priorizem o Brasil e a região amazônica. Andreas Jorgensen, diretor da NICFI (Norway`s International Climate and Forest Initiative), afirmou que o Brasil tem “grande relevância global” e que tem o objetivo de manter e aumentar projetos de colaboração com o país para diminuir desmatamento e investir em agricultura sustentável.
Sílvia Rucks, Coordenadora Residente da Organização das Nações Unidas no Brasil, afirmou que o financiamento climático não deve ter apenas o foco conservacionista. “É preciso uma atenção especial às pessoas que vivem e trabalham na região. É inadmissível que o bioma de maior biodiversidade do mundo tenha de conviver com a pobreza das pessoas que habitam a região, um índice mais alto do que a média nacional”, disse Rucks.
Novo sistema
O segundo bloco do painel contou com apresentações de Carlos Manuel Rodriguez, do Fundo Global para o Meio Ambiente, Bruna Cerqueira, Chefe da Missão Diplomática do Reino Unido no Brasil, Izabela Teixeira, Co-Presidente do Painel Internacional de Recursos do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas. “A Amazônia enfrenta um dos problemas mais críticos do momento climático. Sabemos que o Brasil não pode enfrentar esse desafio sozinho. A saída é a cooperação para o financiamento”, afirmou Rodriguez.
Izabela Teixeira ressaltou a importância do papel dos governadores da Amazônia Legal para o retorno do Brasil a uma posição de destaque nas discussões climáticas globais.”O retorno do Brasil à liderança da agenda climática também significa definir o lugar e o papel do Brasil no mundo. Precisamos da liderança do Brasil e o papel dos governadores é fundamental”, disse Izabela, afirmando também que é necessário um novo trabalho do sistema financeiro internacional porque ele não foi estruturado pensando na questão da urgência climática.