Amazônia atinge limite de aquecimento do Acordo de Paris e Pantanal supera marca histórica

Redação Planeta Amazônia

A Amazônia Brasileira registrou, em 2024, um aumento médio de 1,5°C na temperatura — o limite estabelecido pelo Acordo de Paris para conter o aquecimento global. No Pantanal, a situação foi ainda mais crítica, com elevação de 1,8°C acima da média histórica. Os dados integram o novo levantamento do MapBiomas Atmosfera, lançado nesta terça-feira (5), às vésperas da COP30, em Belém.

A plataforma inédita reúne informações sobre temperatura, precipitação e poluentes atmosféricos em todo o Brasil, com base em imagens de satélite e modelagem de dados entre 1985 e 2024. Segundo o professor da USP e integrante do projeto, Paulo Artaxo, a iniciativa permite compreender com mais precisão os impactos das mudanças climáticas e orientar políticas públicas de mitigação.

“O MapBiomas Atmosfera é uma ferramenta que ajuda o Brasil a implementar políticas baseadas em evidências científicas e mostra quais regiões estão mais vulneráveis às mudanças do clima e do uso da terra”, afirmou Artaxo.

O levantamento mostra que, nas últimas quatro décadas, a temperatura média no país aumentou 0,29°C por década. Os biomas mais afetados foram o Pantanal (+0,47°C/década) e o Cerrado (+0,31°C/década), seguidos pela Amazônia (+0,29°C/década).

A coordenadora científica do MapBiomas, Julia Shimbo, destaca que a perda de vegetação nativa intensifica o aquecimento. “A Amazônia perdeu 52 milhões de hectares de floresta desde 1985. Essa transformação altera as trocas de calor e vapor d’água, resultando em temperaturas mais elevadas”, explicou.

De acordo com o coordenador-geral da iniciativa, Tasso Azevedo, o desmatamento responde por 74% da redução das chuvas e 16% do aumento da temperatura na Amazônia durante o período seco, conforme estudo publicado na revista Nature Geoscience.

Os dados também apontam que a poluição atmosférica tem piorado na região Norte, especialmente em Rondônia e Mato Grosso, onde as concentrações médias anuais de material particulado fino (MP2,5) atingiram 42 e 30 µg/m³, respectivamente — valores associados à fumaça dos incêndios florestais.

A seca severa registrada em 2024 contribuiu para o agravamento da situação. Na Amazônia, choveu 448 mm abaixo da média, e as queimadas atingiram 15,6 milhões de hectares. Em setembro, o pico da estação do fogo elevou a concentração média de MP2,5 a 43 µg/m³.

Enquanto o Norte enfrentou déficit hídrico, o Sul do país registrou chuvas acima da média — especialmente no Rio Grande do Sul, onde, em maio, a precipitação foi 150% superior ao esperado. O fenômeno está relacionado ao El Niño, que intensificou o contraste climático entre as regiões.

Além de dados sobre temperatura e chuva, o MapBiomas Atmosfera traz indicadores sobre qualidade do ar, disponibilidade hídrica e dias de chuva persistente, auxiliando gestores públicos no planejamento de ações climáticas e ambientais.

By emprezaz

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