Acordo Verde da Europa transfere danos ambientais para outras nações como o Brasil

Por redação do Planeta Amazônia

O Green Deal da União Europeia corre o risco de se tornar um mau negócio para o planeta. Este ambicioso pacote de políticas, anunciado em dezembro de 2019, visa tornar a Europa o primeiro continente com impacto neutro no clima até 2050. Ele estabelece metas para reduzir as emissões de carbono e melhorar as florestas, agricultura, transporte verde, reciclagem e energia renovável. A UE quer mostrar “ao resto do mundo como ser sustentável e competitivo”, como disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

Problemas se escondem por trás da retórica. Primeiro, a UE depende fortemente de importações agrícolas; só a China importa mais. No ano passado, a região comprou um quinto das safras e 1% das carnes e laticínios consumidos dentro de suas fronteiras. Isso permite que os europeus tenham uma agricultura menos intensiva. No entanto, as importações vêm de países com leis ambientais menos rígidas do que as da Europa. E os acordos comerciais da UE não exigem que as importações sejam produzidas de forma sustentável.

Nos últimos 18 meses, a UE assinou acordos (alguns pendentes de ratificação) cobrindo quase metade de suas importações de safras – com os Estados Unidos, Indonésia, Malásia e Mercosul, o bloco comercial sul-americano formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Os pactos com a Austrália e a Nova Zelândia estão sobre a mesa. Cada nação define e reforça a sustentabilidade de forma diferente. Muitos usam pesticidas, herbicidas e organismos geneticamente modificados (GM) que são estritamente limitados ou proibidos na UE (consulte Informações complementares, tabela S2a).

Assim, os estados membros da UE estão terceirizando os danos ambientais para outros países, enquanto assumem o crédito pelas políticas verdes em casa. Embora a UE reconheça que alguma nova legislação será necessária em torno do comércio, no curto prazo, nada mudará sob o Green Deal.

Por exemplo, entre 1990 e 2014, as florestas europeias cresceram 9%, uma área aproximadamente equivalente ao tamanho da Grécia. Em outros locais, cerca de 11 milhões de hectares foram desmatados para cultivar culturas que eram consumidas na UE. Três quartos desse desmatamento estavam ligados à produção de oleaginosas no Brasil e na Indonésia — regiões de biodiversidade incomparável e lar de alguns dos maiores sumidouros de carbono do mundo, cruciais para mitigar as mudanças climáticas.

By emprezaz

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