Redação Planeta Amazônia
Há 44 anos não havia uma nova atualização sobre a família dos primatas saguis-de-bigode (Saguinus mystax) que eram divididos em três subespécies: S. mystax mystax, S. mystax pileatus e Saguinus mystax pluto. Em um estudo que levou quatro anos para ser concluído, o biólogo e doutorando da Universidade Federal do Amazonas, Gerson Lopes descobriu uma nova espécie de primata de bigode.
Tudo começou quando o pesquisador ao estudar a espécie notou que havia diferença não somente na coloração dos animais como também na distribuição geográfica das populações dos primatas. Diante dessa constatação resolveu mergulhar na genética desses saguis para descobrir se de fato havia uma nova espécie.
O pesquisador explica que as três espécies observadas eram diferentemente fisicamente e eram assim, separadas por rios que cortam a Amazônia ocidental. “A subespécie S. mystax mystax tem uma grande distribuição, assim começamos a especular que os espécimes da margem direita do rio Juruá poderiam ser uma espécie nova, já que era separada do restante da população de S. mystax mystax pelo próprio rio que é extenso”, disse.
Depois de inúmeras analise de matérias genéticos, o biólogo descobriu uma nova linhagem genômicamente diferente dos outros saguis. E essa era a informação necessária para mostrar que se tratava de uma nova espécie.
Distribuição dessas espécies de saguis na floresta Amazônica — Foto: Divulgação Gerson Lopes
Em homenagem ao povo Indiegna Kulina, que tem a maior terra de onde foi encontrada o sagui, a nova espécie foi nomeada como sagui-dos-kulinas (Saguinus kulina).
O diferencial é que a nova espécie encontrada é endêmica da parte da floresta amazônica que fica dentro do território brasileiro, dessa forma esse sagui é exclusivo do Brasil. Ela ocorre a partir da margem direita do rio Juruá até a margem esquerda do rio Tefé, na Amazônia ocidental.
O sagui-dos-kulimas possui diferença na coloração dos pelos da costa em relação às outras espécies de saguis-de-bigode. “A ponta dos pelos das costas é marrom, enquanto nos outros é laranja. Já o manto (na altura da cintura escapular) tem pelos na coloração amarela”, afirma Gerson.
Sagui-dos-kulinas pode ser encontrado facilmente dentro da sua área de ocorrência — Foto: Divulgação Gerson Lopes
A espécie de acordo com o pesquisador não é difícil de ser vista e nem está em extinção. A espécie de pequeno porte, pesa em média 550 gramas, tendo sua alimentação baseada em frutas e insetos, sendo assim relacionadas às florestas de terra-firme da Amazônia, destaca Gerson.
