Redação Planeta Amazônia
A atividade de contagem do pirarucu é um saber tradicional de pescadores na Amazônia e foi integrada à metodologia científica do manejo do peixe, desenvolvida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). É a contagem que fornece a quantidade de pirarucus que existem em cada lago de pesca, um dado que vai determinar a cota anual de pescado a ser capturado e vendido, sem prejudicar a população dos peixes.
Um trabalho tão importante como esse não poderia deixar te contar com a participação feminina. A dona Raimunda Ferreira Meireles, moradora da comunidade Paraíso, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amaña (RDSA), em …. e fez história ao se tornar ao primeira mulher contadora de pirarucu certificada em 17 anos. Raimunda sempre trabalhou com pesca artesanal e, atualmente, é uma das principais coordenadoras do Acordo de Pesca Seringa, assessorado pelo Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá.
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Em 2017, Dona Raimunda participou do Curso de Aplicação da Metodologia de Contagem do Pirarucu ( Arapaima gigas) e, desde então, seguiu na contagem de um dos maiores peixes de águas doces fluviais do Brasil. Em 2022, ela foi aprovada e conseguiu a certificação.
Pesca e venda do pirarucu
Em 1996, o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) proibiu qualquer tipo de captura e venda de pirarucu. A pesca tornou-se permitida somente através do manejo sustentável supervisionado, em áreas onde houvesse o acordo de pesca ou dentro de Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Já em 2004, a metodologia de contagem de pirarucu foi validada. A partir disso, ela passou a ser disseminada na região amazônica e desde então, passou a ser utilizada pelo IBAMA para subsidiar autorizações de quotas de pirarucu a serem capturados anualmente.
Desta forma, o trabalho do contador de pirarucu se coloca como fundamental para garantir uma cota segura para o abate do peixe nos ambientes de manejo. Resultado da união da ciência e do conhecimento tradicional dos povos ribeirinhos, a técnica de contagem do pirarucu, que já existe há muito tempo, é um instrumento importante para manter o manejo e preservar as espécies naturais.
O protagonismo das mulheres na contagem
As mulheres têm ocupado cada vez mais espaço nas mais diversas áreas de atuação que envolvem o manejo, na contagem, não é diferente. Atualmente são 56 contadoras de pirarucu capacitadas pelo Instituto Mamirauá, número que cresce a cada nova capacitação e certificação. Reinaldo Marinho, que também atua no Programa de Manejo e Pesca do Instituto, destaca o papel fundamental dessas mulheres neste trabalho. “As mulheres vêm se destacando na atividade, e estão cada vez mais participando e buscando se aperfeiçoar. A atuação das contadoras nos coletivos de manejo é de extrema importância, pois, capacitadas e comprometidas com o processo, colaboram com a conservação do pirarucu”, afirma.