*Antonio Borges
Nos últimos meses, o brasileiro passou a acompanhar a recorrência de alguns dos mais graves eventos climáticos e meteorológicos extremos. Seja com a seca na região amazônica, registrando cerca de 22 mil focos de queimadas em outubro deste ano, ou com a passagem de um tsunami meteorológico no litoral do estado de Santa Catarina, além das ondas de calor que atingiram 15 estados e o Distrito Federal.
No fim de novembro ocorrerá a COP 28, e temos a expectativa que não seja mais um evento de muitas promessas e poucas ações. O que devemos esperar é que as autoridades tenham um olhar para investimento em cidades resilientes. Não adianta mais falar sobre redução de emissão de carbono, compensação, etc, e sim trabalhar na mitigação desses impactos.
Além de todo o prejuízo humanitário causado por esses episódios, que por onde passam podem deixar milhares de desabrigados, desalojados, causando mortes e acidentes, eles também são responsáveis por prejuízos financeiros, tanto para as pessoas, quanto para o estado, mais precisamente, para as cidades. Nos Estados Unidos, por exemplo, o prejuízo total do clima extremo neste ano já soma mais de US$ 57 bilhões. Quando olhamos para os países em desenvolvimento o prejuízo é muito maior! Precisamos falar em RESPONSABILIZAÇÃO E INDENIZAÇÃO AMBIENTAL.
Em paralelo a devastação que podem causar por onde passam, os eventos climáticos extremos também são responsáveis por crises de saúde pública, A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que, atualmente, as mudanças climáticas provocam ao menos 150 mil mortes ao ano, número que deve dobrar até 2030. Ou seja, é nítida a urgência na mudança de planejamento para o enfrentamento da crise climática. Não há mais espaço para planos mirabolantes, e sim, uma necessidade de acelerar as ações conjuntas de combate.
Por isso, esta deverá ser a COP da realidade. Nós não estamos mais tratando de pontos subjetivos, de suposições. Estamos sentindo na pele o que pode ser o nosso amanhã. O Brasil vem experimentando eventos climáticos numa intensidade nunca antes percebida. Nessa COP é necessário que nós tenhamos um olhar para mitigação. Como eu vou mitigar os impactos? Como vou olhar para o meu povo? Como transformar as nossas cidades para que sejam mais resilientes, de maneira que ela gere uma proteção para a população?
Hoje, o poder público, as organizações e a comunidade internacional focam seus discursos e esforços em combater os causadores das mudanças climáticas. De fato, isso é muito importante, porém, a realidade que bate à nossa porta já exige uma nova postura. Devemos correr contra o tempo e não só limitar os efeitos das crises climáticas, mas, também, impulsionar políticas de adaptação da sociedade.
Alguns exemplos de medidas protetivas para grandes cidades já são encorajadas, sendo a principal delas na expansão da infraestrutura verde, porém, existem outras como a utilização de superfícies reflexivas para pavimentos e telhados ou na preparação de abrigos climáticos para a população. Mas precisamos ir muito além disso: necessitamos de transformação das cidades para que elas estejam preparadas para o que está por vir.
* CEO da PlantVerd, empresa fornecedora de serviços que transformam ecossistemas