Da redação do Planeta Amazônia
Apenas em outubro, a Amazônia teve 627 km² desmatados, uma área quase três vezes o tamanho de Recife. Essa devastação foi a terceira maior da série histórica para o mês, ficando atrás apenas do registrado em 2020 e de 2021. Desde janeiro, foram derrubados quase 10 mil km² de floresta, o equivalente a mais de seis vezes a cidade de São Paulo.
Esse foi o segundo pior acumulado dos últimos 15 anos, sendo apenas 0,5% menor do que o mesmo período em 2021. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a floresta por imagens de satélite desde 2008.
O desmatamento detectado em outubro de 2022 ocorreu no Pará (56%), Amazonas (12%), Mato Grosso (11%), Acre (9%), Rondônia (6%), Roraima (3%) e Maranhão (3%).
Ameaça a maior árvore da Amazônia
Somente o Pará foi responsável por desmatar 351 km² em outubro, 56% do que foi registrado em toda a Amazônia. Destruição que tem invadido áreas protegidas do estado, onde estão sete das 10 unidades de conservação e quatro das 10 terras indígenas mais desmatadas em outubro. O território Apyterewa, que vem sofrendo mensalmente com a invasão de desmatadores ilegais, concentrou 46% do total de floresta destruída dentro das terras indígenas da Amazônia.
Além disso, a derrubada da floresta está se aproximando da região Norte do Pará, onde está o maior bloco de áreas protegidas no mundo. Uma delas é a Floresta Estadual do Paru, que ficou em 5° lugar no ranking das unidades de conservação mais desmatadas na Amazônia. O local ganhou repercussão internacional após uma expedição apoiada pelo Imazon, em setembro, ter encontrado a maior árvore da Amazônia: um angelim-vermelho de 88,5 metros de altura e 9,9 metros de circunferência.
Queimadas
Outro problema apontado pelo monitoramento do instituto foi a alta na degradação florestal causada pelas queimadas e pela exploração madeireira. Esse dano ambiental passou de 537 km² em outubro de 2021 para 1.519 km² no mês passado, um aumento de 183%. Entre os estados, os maiores responsáveis pela degradação foram Mato Grosso (74%) e Pará (19%).
“Por meio das imagens de satélite, conseguimos identificar a maior ocorrência de queimadas, o que contribuiu para a alta da degradação. Além de aumentarem a emissão de gases do efeito estufa, esses incêndios oferecem risco à saúde pública. Existem diversos estudos que associam a fumaça proveniente das queimadas da Amazônia com problemas respiratórios, o que afeta mais gravemente idosos e crianças. E isso não se limita apenas à população amazônica, já que essa fumaça viaja por quilômetros no ar até chegar a outras regiões do Brasil”, afirma Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.